A Polônia, sob a liderança do primeiro-ministro Donald Tusk, intensificou o tom contra a Alemanha em um embate crescente sobre a gestão de imigrantes ilegais na Europa. Em 20 de maio de 2025, Tusk declarou em entrevista à TVP Info que está preparado para fechar a fronteira com a Alemanha caso Berlim continue a devolver migrantes para o território polonês, uma prática que ele considera inaceitável. “Eu disse aos alemães: se vocês tentarem nos enviar migrantes, estarei pronto para fechar a fronteira, utilizando, se necessário, o Artigo 72 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, que permite suspender temporariamente obrigações em nome da segurança nacional,” afirmou Tusk. A declaração reflete a crescente frustração da Polônia com o que o governo descreve como uma tentativa de Berlim de transferir a responsabilidade pela crise migratória, enquanto a Polônia já enfrenta desafios significativos em sua fronteira leste com Belarus. A notícia, confirmada por fontes confiáveis como Reuters e Notes from Poland, reacende o debate sobre a soberania nacional e a solidariedade na gestão de fronteiras na União Europeia.
A tensão entre Varsóvia e Berlim tem raízes em uma crise migratória que começou em 2021, quando Belarus, com o suposto apoio da Rússia, passou a incentivar migrantes, principalmente do Oriente Médio, Ásia e África, a cruzar ilegalmente a fronteira polonesa. Desde então, a Polônia registrou dezenas de milhares de tentativas de travessia, com mais de 26.000 apenas em 2024, segundo a Politico. Em resposta, o governo polonês implementou medidas drásticas, incluindo a construção de uma cerca de aço de 186 km ao longo da fronteira com Belarus e a suspensão temporária do direito de asilo em áreas específicas, uma política aprovada pelo parlamento polonês em março de 2025. Tusk argumenta que essas medidas são necessárias para proteger a segurança nacional, especialmente considerando que a Polônia já abriga quase um milhão de refugiados ucranianos, o segundo maior número na Europa, atrás apenas da Alemanha.
A relação com a Alemanha foi agravada pela decisão de Berlim, em setembro de 2023, de intensificar os controles em suas fronteiras terrestres, incluindo com a Polônia, para conter a imigração irregular. Essas medidas resultaram na devolução de milhares de migrantes à Polônia, muitos dos quais haviam solicitado asilo em outros países da UE, mas foram encontrados em território alemão. Sob o Regulamento de Dublin, a responsabilidade pelo processamento de pedidos de asilo recai sobre o primeiro país da UE onde o migrante é registrado. Tusk, no entanto, anunciou em março de 2025 que a Polônia não cumprirá mais essas regras, alegando que o país já suporta uma carga desproporcional devido à crise na fronteira com Belarus. “A Polônia não será um depósito de migrantes para a Alemanha,” declarou, destacando que o país não aceitará a devolução de requerentes de asilo sob o sistema de Dublin.
A ameaça de fechar a fronteira com a Alemanha é vista como uma resposta direta às políticas alemãs, que Tusk critica como uma tentativa de transferir o ônus da imigração para países vizinhos. Em um pronunciamento em Bruxelas, em março de 2025, ele rejeitou a ideia de fechar a fronteira oeste como “brutal e desnecessária,” mas mudou de tom em maio, sinalizando uma postura mais rígida. A decisão de Berlim de abrir um “centro de deportação” na fronteira com a Polônia, anunciado em fevereiro de 2025, intensificou as tensões, com Varsóvia interpretando a medida como uma pressão para que a Polônia receba migrantes rejeitados pela Alemanha. Tusk também criticou o Pacto de Migração e Asilo da UE, que entra em vigor em 2026, prometendo não aceitar cotas obrigatórias de migrantes ou contribuições financeiras em troca, uma posição que ecoa o sentimento de muitos poloneses que valorizam a soberania nacional e a segurança interna.