Um episódio ocorrido na Universidade de São Paulo (USP) em 14 de maio de 2025 trouxe à tona questões cruciais sobre o uso de espaços públicos, a liberdade de expressão e a segurança nas universidades financiadas pelo contribuinte. Victor Ruiz e um grupo de cidadãos que entrou no prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) para remover cartazes que consideravam ofensivos à ordem democrática. A ação, que também buscava apoio para um projeto de exames toxicológicos em universidades públicas, resultou em confrontos verbais e físicos com estudantes, gerando ampla discussão sobre o papel das instituições acadêmicas e a responsabilidade no uso de recursos públicos, temas que ecoam entre aqueles que valorizam a transparência e a harmonia social.
Ruiz, acompanhado de membros do Instituto União Conservadora, justificou a iniciativa apontando que as faixas no “vão da História e Geografia” promoviam mensagens divisivas, como ataques à Polícia Militar, pedidos de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e críticas à direita política. Em vídeos amplamente compartilhados, ele questionou a legitimidade de tais manifestações em uma universidade mantida por impostos, argumentando que o espaço público deve refletir valores compartilhados e não servir de palco para polarização. A ação, embora planejada como uma intervenção pacífica, escalou quando estudantes reagiram e tentando impedir a remoção dos cartazes. Um momento de tensão envolveu uma mulher que empurrou um dos acompanhantes de Ruiz, enquanto ele, em resposta a provocações, dirigiu palavras duras a um aluno, chamando-o de “vagabundo”. Apesar do atrito, o grupo deixou o local sem registros de ferimentos graves.
A iniciativa de Ruiz também encontrou eco entre cidadãos que questionam o uso de espaços públicos para mensagens que consideram desrespeitosas às instituições ou à segurança pública, especialmente em um contexto de crescente polarização.
O incidente reflete preocupações mais amplas sobre o ambiente acadêmico. A proposta de exames toxicológicos, levantada pelo grupo, aponta para a inquietação com o suposto uso de drogas no campus, uma questão que, embora não comprovada no episódio, ressoa entre aqueles que defendem maior rigor na administração de universidades públicas. Além disso, a presença de faixas com conteúdo político explícito levanta debates sobre os limites da liberdade de expressão em instituições que deveriam priorizar o pluralismo e a imparcialidade. Casos anteriores, como as tensões em 2018 envolvendo manifestações pró e contra Jair Bolsonaro na USP, relatadas pela Folha de S.Paulo, mostram que conflitos semelhantes já desafiaram a convivência no campus, exigindo da reitoria esforços para equilibrar diálogo e segurança.
A ação de Ruiz, destaca a frustração de setores da sociedade que percebem um descompasso entre o financiamento público das universidades e sua gestão. O fato de a USP, uma das principais instituições do país, ser sustentada por recursos de todos os brasileiros alimenta a expectativa de que seus espaços sejam usados de forma responsável, respeitando a diversidade de opiniões sem ceder à instrumentalização política. A apuração em curso pela universidade será essencial para esclarecer responsabilidades e definir diretrizes que garantam a convivência pacífica, preservando a missão acadêmica e o compromisso com uma sociedade mais unida e respeitosa.