A União Europeia (UE) deu um passo significativo em direção à distensão comercial com os Estados Unidos ao oferecer um acordo de tarifas “zero por zero” sobre produtos industriais, conforme anunciado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em 7 de abril de 2025. Durante uma coletiva de imprensa em Bruxelas, Von der Leyen declarou: “Estamos prontos para negociar com os Estados Unidos”, sinalizando a disposição do bloco em buscar uma solução negociada frente às tarifas recíprocas impostas pelo presidente Donald Trump em 2 de abril. A proposta reflete uma tentativa de evitar uma guerra comercial aberta, priorizando o diálogo em um momento de incerteza econômica global.
A oferta surge como resposta às medidas protecionistas de Trump, que aplicou uma taxa base de 10% a mais de 180 países e uma sobretaxa adicional de 20% à UE, totalizando 20% sobre exportações europeias como carros, aço e produtos agrícolas. Essas tarifas, parte do chamado “Dia da Libertação”, já impactaram os mercados, com quedas expressivas nas bolsas europeias – Paris caiu 3,3% em 3 de abril, segundo o Infomoney. Von der Leyen enfatizou que a Europa “prefere uma solução negociada”, mas alertou que o bloco está preparado para retaliar com contramedidas caso as conversas fracassem, incluindo um pacote inicial de tarifas sobre até 26 bilhões de euros em produtos americanos, como soja e motocicletas, previsto para meados de abril.
A chefe da Comissão Europeia destacou que a UE já propôs tarifas zero para o setor automotivo no passado, sem sucesso, e agora amplia a oferta a todos os bens industriais, inspirada em acordos bem-sucedidos com outros parceiros comerciais. “A Europa está sempre pronta para um bom acordo”, afirmou ela, sublinhando uma postura que combina abertura com a defesa dos interesses do bloco. A iniciativa foi debatida em uma reunião de ministros do comércio em Luxemburgo no mesmo dia, onde a unidade europeia foi testada – países como França e Espanha mostram-se mais inclinados a negociar, enquanto outros preparam retaliações, como uma taxa de 50% sobre bourbon americano, que Trump ameaçou rebater com 200% sobre bebidas europeias.
A estratégia da UE reflete uma adaptação à nova realidade imposta por Trump, cujo “tarifaço” visa corrigir um déficit comercial americano de US$ 918 bilhões em 2024, segundo o USTR. Embora a proposta de tarifas zero por zero tenha sido rejeitada inicialmente pelo conselheiro comercial Peter Navarro, que a chamou de insuficiente, a pressão econômica e a mobilização de mais de 50 países para negociar com os EUA podem forçar uma reconsideração. Para a Europa, que exportou 532 bilhões de euros aos EUA em 2023, segundo a Comissão Europeia, o acordo é uma chance de preservar empregos e indústrias, ao mesmo tempo em que mantém a coesão interna em um bloco historicamente comprometido com o livre comércio.
A resposta de Trump às negociações permanece incerta, mas o gesto da UE, liderado por Von der Leyen, indica um esforço para desarmar o conflito comercial sem ceder à pressão unilateral. Enquanto isso, o bloco cria uma força-tarefa para monitorar importações e proteger seu mercado de desvios comerciais, como os esperados da China, que enfrenta tarifas de 54%. A bola agora está com Washington, em um jogo onde a diplomacia pode determinar se o mundo caminha para a cooperação ou para uma escalada de barreiras econômicas.