Fortes chuvas que atingiram o litoral sul do Rio de Janeiro desde a noite de sexta-feira, 4 de abril de 2025, deixaram um rastro de transtornos em Angra dos Reis, levando a prefeitura a decretar situação de emergência no sábado, dia 5. O temporal, que registrou um acumulado de 324 milímetros de chuva em apenas 24 horas, provocou deslizamentos, alagamentos e o transbordamento de rios, resultando em pelo menos 346 pessoas desalojadas até o fim da tarde de sábado. A resposta rápida das autoridades busca mitigar os danos e oferecer suporte às famílias afetadas, enquanto a população é orientada a permanecer em alerta diante da previsão de mais precipitações.
A intensidade das chuvas superou as expectativas para o período, causando a ativação de sirenes de alerta em 46 bairros da cidade. Rios como Japuíba e Caputeram extravasaram, inundando áreas residenciais e obrigando a prefeitura a abrir 36 pontos de apoio, incluindo quatro abrigos temporários. Serviços de saúde não emergenciais foram suspensos para priorizar o atendimento às vítimas do temporal, que, até o momento, não registra mortes confirmadas, mas evidencia a fragilidade de muitas comunidades frente a eventos climáticos extremos. O decreto de emergência permite ao município acessar recursos estaduais e federais, agilizando ações como evacuações e compras emergenciais.
O impacto das chuvas não se limitou a Angra dos Reis. Na capital fluminense, sirenes foram acionadas em comunidades da Tijuca, enquanto Belford Roxo enfrentou deslizamentos e desabamentos, felizmente sem vítimas fatais. Em Teresópolis, na região serrana, oito pessoas precisaram abandonar suas casas devido ao risco iminente. Trechos de rodovias federais, como a BR-101 (Rio-Santos), a BR-040 (Washington Luís) e a BR-116 (Rio-Teresópolis), sofreram interdições parciais, com alguns já liberados até o início da noite de sábado. A Defesa Civil estadual mantém o alerta de risco elevado para deslizamentos e inundações em diversas regiões.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, fez um apelo à população em pronunciamento no sábado. “Estamos em estágio total de atenção. Peço que todos respeitem as sirenes e os avisos das defesas civis municipais e estadual”, declarou, alertando para novas pancadas de chuva previstas para a manhã de domingo, 6 de abril. Ele afirmou que o estado permanecerá em vigilância até o fim do dia, com equipes mobilizadas para atender às áreas mais atingidas. A combinação de chuvas intensas e maré alta agravou a situação em Angra, um município historicamente vulnerável a desastres naturais, como os registrados em 2022 e 2023.
A solidariedade também entrou em cena, com a abertura de canais para doações de itens essenciais, como alimentos, água e produtos de higiene, coordenados pela prefeitura. O cenário reflete um desafio crescente para as autoridades: equilibrar a resposta imediata aos desastres com a prevenção a longo prazo, em um contexto de mudanças climáticas que amplificam a frequência e a força desses eventos. Para os moradores de Angra dos Reis, a prioridade agora é reconstruir o que foi perdido, enquanto o estado se prepara para os próximos desafios anunciados pelo céu.