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Rússia Usou Brasil como Base para Espiões de Elite, Revela Investigação do The New York Times

Uma investigação publicada pelo The New York Times em 21 de maio de 2025 expôs um esquema audacioso da Rússia, que transformou o Brasil em uma “linha de montagem” para espiões de elite, conhecidos como “ilegais”. Esses agentes, operando sob identidades brasileiras falsas, obtinham documentos autênticos, construíam redes sociais e carreiras para, em seguida, infiltrar-se em países como Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. A operação, desmantelada por agentes federais brasileiros com apoio da CIA, revelou a exploração de vulnerabilidades no sistema de registro civil do Brasil, levantando preocupações sobre segurança nacional e a necessidade de fortalecer a proteção contra ameaças externas. A descoberta, confirmada por fontes como Reuters e Estadão, reforça a importância de salvaguardar a soberania e a ordem em um mundo de crescentes tensões geopolíticas.

O relatório do The New York Times, baseado em centenas de documentos e entrevistas, identificou pelo menos nove espiões russos que, por anos, viveram no Brasil sob identidades forjadas. A operação, conduzida pela inteligência militar russa (GRU) e pelo Serviço de Inteligência Estrangeira (SVR), aproveitava uma brecha no sistema brasileiro, que permite registrar certidões de nascimento com apenas duas testemunhas, especialmente em áreas rurais. Isso possibilitava a criação de documentos legítimos, como passaportes e carteiras de identidade, usados para viagens sem visto a diversos países. Um caso emblemático é o de Sergei Cherkasov, que, sob o nome Victor Muller Ferreira, obteve um estágio no Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, mas foi barrado pelas autoridades holandesas em 2022, após alerta da CIA, e preso em São Paulo por falsificação documental, segundo a NPR. Cherkasov, o único condenado até agora, cumpre pena de cinco anos, reduzida de uma sentença inicial de 15 anos.

Outro caso destacado é o de Artem Shmyrev, que, como Gerhard Daniel Campos-Vittich, gerenciava um negócio de impressão 3D no Rio de Janeiro. Mensagens recuperadas de seu celular, conforme revelado pelo The New York Times, mostram frustrações com a vida de agente secreto e contatos com sua esposa, Irina, também espiã, que operava na Grécia. Outros agentes, como Vladimir Danilov e Ekaterina Danilova, que se passavam por um casal português, escaparam para Portugal antes de serem identificados, segundo a Euronews. A investigação brasileira, chamada Operação Leste, começou após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 e contou com colaboração de agências dos EUA, Israel, Holanda e Uruguai. A Polícia Federal emitiu alertas à Interpol, mas apenas dois agentes foram presos, enquanto outros, como Mikhail Mikushin, retornaram à Rússia em trocas de prisioneiros em 2024, conforme a Newsweek.

A operação russa no Brasil, que pode ter raízes na era soviética, explora a diversidade multicultural do país, que facilita a integração de estrangeiros, e a fragilidade de seu sistema de identificação. Um relatório forense, citado pelo The New York Times, sugere que certidões de nascimento registradas nos anos 1980 e 1990 por agentes da KGB podem ter sido plantadas para uso futuro, indicando um planejamento de longo prazo. Essa revelação, conforme noticiado pelo Correio da Manhã, expõe falhas na segurança brasileira, que também favorecem crimes como narcotráfico e terrorismo. A decisão do Brasil de não extraditar Cherkasov para os EUA, conforme relatado pelo The New York Times em 2023, reflete a neutralidade histórica do país, mas a exposição do esquema marca uma mudança, com autoridades afirmando que o Brasil não tolerará espionagem estrangeira.

A descoberta da “fábrica de espiões” gerou reações no Brasil. O Estadão destacou que a operação evidencia o custo da proximidade do governo Lula com Moscou, enquanto o comentarista Octavio Guedes, em entrevista à GloboNews, criticou a falta de investimento no serviço de inteligência brasileiro. A investigação, conduzida pelos mesmos agentes que apuraram denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou a extensão da rede, mas autoridades alertam que ela pode ser apenas a ponta de esquemas maiores. A exposição desses agentes, que construíam identidades por meio de negócios, casamentos e amizades, sublinha a complexidade do combate à espionagem e a urgência de reforçar sistemas de identificação e vigilância para proteger a segurança e a estabilidade nacional.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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