A China elevou o tom contra os Estados Unidos em uma declaração que reflete a crescente rivalidade entre as duas maiores potências econômicas do mundo. “Se guerra é o que os EUA querem, seja uma guerra de tarifas, uma guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra, nós estamos prontos para lutar até o fim”, teria afirmado um representante chinês, segundo posts recentes encontrados no X. Essa retórica incendiária surge em um momento de intensificação das disputas comerciais e tecnológicas, com os EUA implementando tarifas e sanções que Pequim interpreta como provocações diretas.
A origem dessa escalada está nas políticas protecionistas americanas, especialmente sob a administração de Donald Trump, que desde 2018 impôs tarifas sobre bilhões de dólares em produtos chineses, acusando o país asiático de práticas comerciais desleais e roubo de propriedade intelectual. Em resposta, a China retaliou com taxas sobre mercadorias americanas, como soja e gás natural, atingindo estrategicamente setores sensíveis à economia dos EUA. Dados recentes apontam que o déficit comercial americano com a China, embora reduzido de US$ 419 bilhões em 2018 para US$ 361 bilhões em 2024, segundo o governo chinês, continua a ser um ponto de fricção. Enquanto isso, Pequim diversificou seus parceiros comerciais, reduzindo a dependência dos EUA, que hoje representam menos de 15% de suas exportações totais.
A postura desafiadora da China não se limita ao campo econômico. O país tem investido pesado em tecnologia e influência global, expandindo sua presença em mais de 120 nações e promovendo uma agenda de multipolaridade que desafia a hegemonia americana. Analistas apontam que Pequim está preparada para absorver o impacto de novas tarifas, como a de 10% anunciada por Trump em 2025, enquanto testa os limites da paciência americana com medidas retaliatórias calculadas. A mídia estatal chinesa reforça essa narrativa, destacando que “guerras comerciais não têm vencedores” e que os EUA só criam instabilidade ao insistir no confronto.
O embate também revela uma guerra de narrativas. Enquanto os EUA justificam suas ações como forma de conter o avanço chinês e proteger interesses nacionais, a China se posiciona como defensora das regras globais, prometendo levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). Especialistas sugerem que Pequim aposta em uma estratégia de longo prazo, esperando que a pressão econômica force os EUA a negociar. Por outro lado, a ameaça de Trump de elevar tarifas a até 60%, como prometido em campanha, sinaliza que o conflito pode estar longe de uma solução pacífica.