Em um movimento que marcou o início de sua gestão, o Dr. Jay Bhattacharya, diretor do National Institutes of Health (NIH) nomeado pelo presidente Donald Trump, anunciou, em 4 de maio de 2025, o fechamento do último laboratório interno da agência dedicado a experimentos com beagles. A decisão, amplamente elogiada por organizações de defesa dos animais, responde a anos de críticas a práticas consideradas cruéis, especialmente após denúncias de testes associados ao ex-diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Dr. Anthony Fauci. Bhattacharya destacou a substituição de testes em animais por tecnologias avançadas, como inteligência artificial (IA), para modernizar a pesquisa biomédica e alinhá-la a padrões éticos mais elevados.
A medida foi revelada durante uma entrevista no programa Fox & Friends Weekend. “É muito fácil, por exemplo, curar Alzheimer em ratos, mas isso não se traduz em humanos”, explicou Bhattacharya. “Por isso, implementamos uma política para substituir animais em pesquisas por avanços tecnológicos, como IA e outras ferramentas, que se traduzem melhor para a saúde humana.” A iniciativa inclui a criação do Escritório de Inovação, Validação e Aplicação de Pesquisa no NIH, que promoverá métodos alternativos, como organoides, órgãos em chips e modelagem computacional, além de publicar dados anuais sobre a redução de experimentos com animais.
O laboratório encerrado, localizado no campus do NIH em Bethesda, Maryland, realizava estudos sobre sepse e cardiomiopatia induzida por estresse, classificados como causadores de dor significativa em beagles, segundo categorias do Departamento de Agricultura dos EUA. Um relatório da organização White Coat Waste Project revelou que, desde 1986, mais de 2.100 beagles foram submetidos a experimentos que incluíam infecção pulmonar com bactérias causadoras de pneumonia, sangramentos e indução de choque séptico, resultando em sua eutanásia. As denúncias, que ganharam força em 2021, apontaram ainda o envolvimento de Fauci em experimentos financiados pelo NIH, como um estudo na Universidade Estadual do Kansas que matava cerca de 28 filhotes de beagle por ano.
A decisão do NIH também reflete pressões de longo prazo. A fornecedora de beagles, Envigo, foi multada em US$ 35,5 milhões em 2024 por violações da Lei de Bem-Estar Animal, após investigações da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) revelarem condições deploráveis em uma unidade na Virgínia, onde 4.000 cães foram resgatados. A PETA, em um gesto raro, enviou flores a Bhattacharya, com a vice-presidente sênior Kathy Guillermo declarando: “Estamos entusiasmados que os beagles do NIH não serão mais usados.” A organização Physicians Committee for Responsible Medicine também celebrou, destacando que métodos baseados em humanos, como tecnologias 3D in vitro, são mais eficazes para prever a eficácia de medicamentos.
A administração Trump já havia reduzido testes em animais em outras agências, como a FDA e a EPA, que, segundo a PETA, pouparam dezenas de milhares de animais anualmente. A Humane Society dos Estados Unidos e outras entidades aplaudiram a medida, vendo-a como um reflexo da crescente rejeição pública à crueldade em pesquisas. Contudo, desafios persistem, como garantir que alternativas tecnológicas sejam robustas o suficiente para substituir completamente os modelos animais, especialmente em estudos de doenças complexas.
A nomeação de Bhattacharya, confirmada pelo Senado em 25 de março de 2025, sinaliza uma reforma mais ampla no NIH, com foco em restaurar a confiança pública na ciência. Sua trajetória, marcada por críticas às políticas de lockdown durante a pandemia de Covid-19 e pela coautoria da Declaração de Great Barrington, reforça sua abordagem de questionar práticas estabelecidas em favor de soluções inovadoras e éticas. A decisão de encerrar os experimentos com beagles é vista como um primeiro passo para alinhar o NIH a esses princípios, equilibrando avanços científicos com valores de compaixão e responsabilidade.