No Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril de 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um apelo global para reduzir as mortes maternas e neonatais, destacando um dado alarmante: cerca de 300 mil mulheres perdem a vida todos os anos devido a complicações relacionadas à gravidez ou ao parto. Isso equivale a uma morte a cada dois minutos, uma realidade que a agência considera inaceitável, especialmente porque a maioria desses óbitos poderia ser evitada com acesso a cuidados adequados no momento certo. O alerta reforça a urgência de investimentos em saúde materna, um pilar essencial para o bem-estar das famílias e comunidades ao redor do mundo.
A OMS estima que, em 2023, 260 mil mulheres morreram por causas ligadas à gestação, um número que reflete os desafios persistentes em regiões de baixa renda, onde ocorrem 94% dessas mortes, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Além disso, mais de 2 milhões de recém-nascidos não sobrevivem ao primeiro mês de vida, muitos devido à falta de assistência qualificada durante o parto. As principais causas de mortalidade materna incluem hemorragias graves, hipertensão (como pré-eclâmpsia e eclâmpsia), infecções pós-parto e complicações em abortos inseguros – problemas que, em grande parte, têm soluções conhecidas e acessíveis quando há infraestrutura e recursos disponíveis.
No Brasil, a situação exige atenção especial. Dados históricos do Ministério da Saúde mostram que, embora o país tenha reduzido a taxa de mortalidade materna de 143 para 60 óbitos por 100 mil nascidos vivos entre 1990 e 2015, o índice voltou a crescer durante a pandemia de Covid-19, atingindo 107,53 em 2021, conforme o Observatório Obstétrico Brasileiro. Esse retrocesso, agravado por desigualdades regionais e raciais, coloca o Brasil distante da meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que prevê menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030. A falta de acesso a um pré-natal de qualidade e a assistência hospitalar no momento do parto continuam sendo barreiras críticas.
A campanha da OMS para 2025, lançada no Dia Mundial da Saúde, pede mais esforços para garantir que mulheres e bebês recebam cuidados de qualidade antes, durante e após o nascimento. Isso inclui a presença de profissionais de saúde capacitados, como obstetras e enfermeiras, e o fornecimento de serviços básicos, como ocitocina para prevenir hemorragias e antibióticos para tratar infecções. A agência também chama a atenção para as adolescentes, que enfrentam riscos ainda maiores, especialmente em países em desenvolvimento, onde complicações na gravidez são uma das principais causas de morte entre meninas de 15 a 19 anos.
Enquanto o mundo avança em tecnologia e medicina, a persistência dessas mortes revela um contraste gritante entre o potencial de salvar vidas e a realidade de sistemas de saúde fragilizados. A iniciativa da OMS destaca que a solução passa por políticas públicas sólidas, financiamento adequado e uma abordagem que respeite a dignidade e os direitos das mulheres. No Brasil e além, o desafio é transformar esse alerta em ações concretas, assegurando que a maternidade seja um momento de vida, não de perda.