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Trump Assina Ordem Executiva e Impõe Tarifas Recíprocas Globais: “Dia da Libertação” Agita o Comércio Mundial

Em um movimento que marcou o calendário econômico global, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou, em 2 de abril de 2025, uma ordem executiva instituindo tarifas recíprocas sobre as importações de mais de 180 países e territórios. Batizando a data como “Dia da Libertação na América”, Trump apresentou a medida como uma resposta às práticas comerciais que, segundo ele, prejudicam os EUA há décadas. As tarifas, que variam de 10% a 50%, entraram em vigor em duas etapas – a taxa mínima de 10% começou em 5 de abril, enquanto os percentuais mais altos foram aplicados a partir de 9 de abril –, reconfigurando as relações comerciais e gerando reações que vão de cautela a críticas mundo afora.

O Brasil ficou entre os menos afetados, com uma tarifa de 10%, ao lado de aliados como Reino Unido, Austrália e Colômbia. Em contraste, a China enfrenta uma sobretaxa de 34%, que, somada a tarifas anteriores como os 20% relacionados ao tráfico de fentanil, eleva o total a 54%. A União Europeia (UE) foi taxada em 20%, enquanto países asiáticos como Vietnã (46%), Japão (24%) e Camboja (49%) estão entre os mais impactados. Canadá e México, parceiros no acordo USMCA, receberam 25% sobre produtos fora do tratado, com exceções como os 10% aplicados a hidrocarbonetos canadenses. A lista completa, divulgada pela Casa Branca, inclui nações menos esperadas, como Saint Pierre e Miquelon e Lesoto, ambos com 50%, e as Ilhas Falkland, com 42%.

A justificativa de Trump é clara: corrigir um déficit comercial de US$ 918 bilhões em 2024, segundo o USTR, e incentivar a produção interna. “Por anos, outros países enriqueceram às nossas custas. Agora é a nossa vez”, declarou ele durante o anúncio no jardim da Casa Branca, exibindo uma tabela com as taxas. A fórmula, que deveria refletir tarifas cobradas dos EUA ajustadas por barreiras não tarifárias, como manipulação cambial, acabou sendo mais simples do que o anunciado, com percentuais muitas vezes inferiores à metade das taxas aplicadas por outros países – o Japão, por exemplo, cobra 46% de bens americanos, mas recebeu 24%. Essa discrepância alimentou debates sobre a coerência da política de “reciprocidade”.

Os mercados reagiram com volatilidade. O S&P 500 caiu 4,85% em 3 de abril, e o Ibovespa, apesar de uma queda leve de 0,04%, reflete a incerteza global. O dólar recuou para R$ 5,629 no Brasil, enquanto commodities como petróleo Brent (-3,33%) e minério de ferro (-0,32%) também sentiram o impacto. Economistas alertam que as tarifas podem elevar a inflação nos EUA e desencadear uma recessão global, com o FMI estimando uma possível redução de 2% no PIB mundial caso haja retaliações em massa. A China já sinalizou “medidas resolutas” contra os 54%, enquanto a UE avalia negociar concessões, evitando escalar o conflito.

Para o Brasil, a tarifa de 10% atinge exportações como celulose e partes de aviões, mas a taxa menor em comparação a concorrentes como Vietnã e Índia pode abrir oportunidades no agronegócio, como o café. Ainda assim, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) teme que o encarecimento de cadeias globais prejudique a economia nacional a longo prazo. O governo brasileiro, em nota conjunta do MDIC e do Itamaraty, lamentou a decisão e estuda recorrer à OMC, mantendo-se aberto ao diálogo. A medida de Trump, que inclui uma tarifa extra de 25% sobre carros importados desde 3 de abril, desafia o comércio multilateral, reacendendo um protecionismo que remete aos anos 1930, mas com desdobramentos ainda imprevisíveis.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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