O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou a condenação da líder de extrema-direita francesa Marine Le Pen, que foi sentenciada a quatro anos de prisão por desvio de fundos e banida da política por cinco anos em 31 de março de 2025. Em uma entrevista à Fox News no mesmo dia, Trump expressou solidariedade a Le Pen, comparando o caso dela aos desafios legais que enfrentou durante sua própria carreira política. “Muitos pensaram que ela não seria condenada por nada. Era a principal candidata. Isso soa muito como este país”, declarou, sugerindo que a sentença de Le Pen seria um exemplo de “lawfare” – o uso do sistema judicial para fins políticos – semelhante ao que ele alega ter sofrido nos EUA.
Trump, que mantém uma relação de apoio mútuo com Le Pen desde sua primeira campanha presidencial em 2016, criticou a decisão do tribunal francês, chamando-a de “vergonhosa” e “antidemocrática”. Ele argumentou que a inelegibilidade de Le Pen, que a impede de concorrer às eleições presidenciais de 2027, é uma tentativa de “silenciar a vontade do povo francês” e comparou o caso às suas próprias batalhas legais, como as acusações de fraude fiscal e obstrução de justiça que enfrentou antes de sua reeleição em 2024. “Eles fizeram isso comigo aqui – tentaram me tirar da corrida com processos falsos. Não funcionou, e não vai funcionar com ela também. O povo sabe a verdade”, afirmou.
A condenação de Le Pen está relacionada ao desvio de 2,9 milhões de euros do Parlamento Europeu, entre 2004 e 2017, por meio de um esquema de pagamento de assistentes parlamentares que, na prática, trabalhavam para o então Frente Nacional (hoje Reagrupamento Nacional). Além da pena de prisão – que inclui dois anos de detenção domiciliar com pulseira eletrônica e dois anos suspensos –, Le Pen foi multada em 100 mil euros e declarada inelegível por cinco anos, com efeito imediato. A decisão, que ela planeja recorrer, gerou reações polarizadas na França e no exterior, com aliados de Le Pen, como Trump, denunciando o que chamam de perseguição política, enquanto opositores celebram a sentença como um passo contra a corrupção.
O comentário de Trump reflete sua visão de que líderes de direita, como ele e Le Pen, são alvos de um establishment global que busca minar movimentos nacionalistas. Durante a entrevista, ele também elogiou a resiliência de Le Pen, prevendo que ela “voltará mais forte” após o recurso. “Marine é uma lutadora. Eles acham que podem pará-la, mas o povo francês não vai aceitar isso. Vimos isso aqui – quanto mais eles me atacaram, mais forte eu fiquei”, disse, referindo-se ao apoio que recebeu de sua base durante os processos judiciais nos EUA.
A fala de Trump também ecoa um contexto mais amplo de tensões entre líderes populistas e instituições democráticas. Nos EUA, Trump enfrentou acusações de interferência eleitoral e manejo indevido de documentos classificados, mas conseguiu reverter parte do impacto político ao se posicionar como vítima de um “deep state”. Le Pen, por sua vez, tem usado um discurso semelhante, acusando o sistema judicial francês de ser manipulado por forças progressistas para impedir sua ascensão ao poder. A solidariedade de Trump pode fortalecer a narrativa de Le Pen entre seus apoiadores, mas também aumenta as críticas de que ambos promovem uma visão conspiratória que mina a confiança nas instituições democráticas.