O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou em 29 de março de 2025 uma aliança militar com os Estados Unidos para combater o tráfico de drogas, que incluirá a presença de tropas americanas em solo equatoriano. A decisão, detalhada em uma reportagem da CNN, faz parte de um esforço mais amplo para enfrentar a escalada de violência no país, que se tornou um dos principais corredores de cocaína na América Latina. Noboa, que assumiu a presidência em novembro de 2023, busca apoio do governo de Donald Trump, que sinalizou interesse em expandir a cooperação militar na região como parte de sua política de combate ao narcotráfico.
O Equador, que registra a maior taxa de homicídios da América Latina – 47,18 por 100 mil habitantes em 2024, segundo o InSight Crime –, enfrenta uma crise de segurança impulsionada por gangues locais, como Los Choneros e Los Lobos, que se aliaram a cartéis internacionais, incluindo mexicanos e colombianos. A violência, que inclui assassinatos, sequestros e ataques a prisões, levou Noboa a declarar estado de emergência em janeiro de 2024 e a classificar 22 gangues como organizações terroristas. Nesse contexto, o presidente equatoriano tem buscado apoio internacional, e a parceria com os EUA é vista como um passo estratégico para conter a influência do crime organizado.
A aliança militar com os EUA foi formalizada após negociações que incluíram uma “parceria estratégica” com Erik Prince, fundador da controversa empresa de segurança privada Blackwater, anunciada no início de março de 2025. Noboa também pediu a designação de gangues equatorianas como grupos terroristas pelo governo Trump, o que facilitaria operações conjuntas e o acesso a recursos americanos, como inteligência e treinamento militar. Segundo a BBC, o presidente equatoriano solicitou explicitamente a presença de “botas no terreno” para enfrentar os cartéis, uma demanda que Trump parece disposto a atender, alinhando-se à sua política de pressão contra o narcotráfico na América Latina.
A chegada de tropas americanas, prevista para começar em abril de 2025, será acompanhada de mudanças constitucionais no Equador, que permitirão a instalação de bases militares estrangeiras – uma prática proibida desde 2008, mas que Noboa busca reverter com aprovação parlamentar. O foco da operação será desmantelar as rotas de tráfico que passam pelos portos equatorianos, responsáveis por grande parte da cocaína que chega à Europa e aos EUA. Além disso, os EUA fornecerão apoio logístico e tecnológico, incluindo drones e sistemas de vigilância, para monitorar as atividades das gangues.
A decisão gerou reações mistas. Enquanto alguns setores apoiam a medida como necessária para conter a violência, outros, incluindo movimentos indígenas e partidos de oposição, criticam a presença de tropas estrangeiras, temendo uma perda de soberania e possíveis abusos de poder. A parceria com Erik Prince também levanta preocupações, dado o histórico da Blackwater, envolvida em escândalos como o massacre de civis no Iraque em 2007. Noboa, no entanto, defendeu a aliança, afirmando que o Equador “respeitará suas leis” e que a luta contra os cartéis justifica medidas drásticas, já que, segundo ele, as gangues “violam todos os direitos humanos possíveis”.