Marine Le Pen, líder do partido de direita Reagrupamento Nacional (RN) e até então favorita nas pesquisas para as eleições presidenciais francesas de 2027, foi condenada nesta segunda-feira, 31 de março de 2025, a quatro anos de prisão por desvio de fundos públicos europeus. A sentença, proferida pelo Tribunal Correcional de Paris, inclui dois anos de detenção domiciliar com uso de pulseira eletrônica e dois anos em regime suspenso, além de uma multa de 100 mil euros. Le Pen também foi declarada inelegível por cinco anos, com efeito imediato, o que a impede de concorrer à presidência em 2027 e representa um golpe significativo para sua carreira política e para o RN.
A condenação está relacionada a um esquema de desvio de recursos do Parlamento Europeu durante o período em que Le Pen foi eurodeputada, entre 2004 e 2017. Segundo a investigação, o então Frente Nacional (FN), rebatizado como RN em 2018, utilizou de forma fraudulenta os 21 mil euros mensais destinados a cada eurodeputado para pagar assistentes parlamentares. O tribunal concluiu que esses assistentes, na realidade, trabalhavam para o partido, e não para atividades legislativas, o que é proibido pela legislação europeia. O esquema teria causado um prejuízo de 2,9 milhões de euros ao Parlamento Europeu, beneficiando o FN ao economizar recursos que seriam gastos com salários de funcionários partidários.
Le Pen, de 56 anos, negou as acusações e anunciou que recorrerá da decisão, classificando o julgamento como uma “perseguição política” orquestrada para prejudicar sua candidatura presidencial. “Essa sentença é uma tentativa de me silenciar e de calar a voz do povo francês. Não vou desistir”, declarou ao deixar o tribunal, segundo o jornal Carta Capital. Apesar da inelegibilidade, ela poderá manter seu atual mandato como deputada na Assembleia Nacional francesa até o fim da legislatura, a menos que o presidente Emmanuel Macron convoque eleições legislativas antecipadas, como ocorreu em 2024. No entanto, a condenação a impede de disputar cargos eletivos pelos próximos cinco anos, o que abre espaço para novas lideranças no RN, como Jordan Bardella, de 29 anos, atual presidente do partido e potencial substituto na corrida presidencial.