O Sistema Único de Saúde (SUS) começará a substituir gradualmente, ainda em 2025, o tradicional exame Papanicolau pelo teste molecular de DNA-HPV, mais sensível na detecção do papilomavírus humano (HPV), conforme anunciado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) em 26 de março de 2025. A mudança, detalhada pela Agência Brasil, integra novas diretrizes para o rastreamento do câncer de colo do útero e foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e pela Comissão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. A implementação aguarda apenas a avaliação final da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde para entrar em vigor.
Com o novo exame, o intervalo entre as coletas passará de três para cinco anos quando não houver diagnóstico de HPV, mantendo a faixa etária de rastreamento entre 25 e 49 anos para mulheres sem sintomas ou suspeitas de infecção. O teste molecular, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2021, identifica subtipos específicos do vírus, como os oncogênicos 16 e 18, responsáveis por 70% das lesões precursoras de câncer, permitindo um acompanhamento mais preciso. Itamar Bento, pesquisador do Inca, explicou: “Se o teste de DNA-HPV for negativo, a mulher só repetirá em cinco anos; se positivo para tipos de risco, ela será encaminhada diretamente à colposcopia.”
A substituição responde a limitações do Papanicolau, que apresentou baixa cobertura no Brasil entre 2021 e 2023, com apenas três estados atingindo cerca de 50% do público-alvo, segundo o Sistema de Informação do Câncer. Em regiões como Acre, Maranhão e Mato Grosso, mais da metade dos resultados demorou além de 30 dias para ser entregue, dificultando o início do tratamento no prazo legal de 60 dias. O novo protocolo prevê um rastreamento organizado, com busca ativa das pacientes e fluxos claros de atendimento, visando reduzir os cerca de 17 mil casos anuais de câncer de colo do útero, o terceiro mais incidente entre mulheres brasileiras.
Especialistas acreditam que, combinado a altas taxas de vacinação contra HPV, o teste molecular pode ajudar a erradicar a doença em até 20 anos, aproveitando sua maior eficácia na detecção precoce e na prevenção de óbitos. A transição marca um avanço na saúde pública, alinhando o SUS a padrões internacionais de diagnóstico.