A geração de energia solar no Brasil alcançou um marco significativo ao ultrapassar 55 gigawatts (GW) de potência instalada operacional, consolidando-se como a segunda maior fonte da matriz elétrica do país, com 22,2% da capacidade total. O dado foi divulgado em 23 de março de 2025 pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), destacando o crescimento acelerado da tecnologia. Segundo o balanço, desse total, 37,6 GW provêm da geração própria — sistemas instalados em telhados e quintais de cerca de cinco milhões de imóveis —, enquanto 17,6 GW são gerados por grandes usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
O avanço reflete a expansão contínua da energia solar fotovoltaica, que adicionou 1,6 GW à matriz apenas nos primeiros meses de 2025. De janeiro a março, mais de 147 mil novos sistemas solares foram instalados, beneficiando aproximadamente 228,7 mil residências e estabelecimentos. A Absolar estima que, desde 2012, o setor atraiu R$ 251,1 bilhões em investimentos, criou 1,6 milhão de empregos verdes e gerou R$ 78 bilhões em arrecadação para os cofres públicos. Além disso, a fonte solar evitou a emissão de 66,6 milhões de toneladas de gás carbônico (CO²), reforçando seu papel na transição para uma matriz mais limpa.
Apesar do crescimento, desafios persistem. A geração distribuída, presente em mais de 5,5 mil municípios, enfrenta entraves como a falta de clareza nas regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para conexão de pequenos sistemas, muitas vezes rejeitados por supostas inversões de fluxo de potência sem estudos técnicos detalhados. Já as grandes usinas solares sofrem com a ausência de ressarcimento por cortes de geração, o que aumenta a percepção de risco e a insegurança jurídica, segundo a Absolar. A associação defende a aprovação do Programa Renda Básica Energética (Rebe) e ajustes na Lei 14.300/2022 para fortalecer o marco legal da micro e minigeração distribuída.
O Brasil, que em 2024 registrou sua maior expansão elétrica com 10,9 GW adicionados — 51,87% de origem solar —, mantém uma matriz predominantemente renovável, com 84,95% de fontes limpas, liderada pela energia hídrica (53,88%). O salto da energia solar para o segundo lugar, ultrapassando fontes como eólica (15,22%) e biomassa (8,31%), evidencia seu potencial em um país com alta irradiação solar, mas também destaca a necessidade de políticas que equilibrem crescimento e estabilidade no setor.