Em 14 de agosto de 2023, um voo da Malaysia Airlines, o MH122, que partiu de Sydney, na Austrália, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia, foi forçado a retornar ao aeroporto de origem devido a um incidente alarmante a bordo. Um passageiro, identificado como Muhammad Arif, de 46 anos, teria ameaçado detonar uma bomba dentro da aeronave, causando pânico entre os 194 passageiros e cinco tripulantes. Durante o voo, Arif, um residente de Canberra, também se declarou um “servo de Allah”, intensificando a tensão no Airbus A330.
O drama começou cerca de 90 minutos após a decolagem, quando Arif, que usava uma mochila no peito, levantou-se no corredor e começou a discutir com outros passageiros e a tripulação. Segundo documentos judiciais obtidos pelo jornal Sydney Morning Herald, ele foi ouvido usando a palavra “bomba” e alertou: “Não cheguem perto da minha mochila. Se chegarem, ela pode explodir.” A tripulação tentou contê-lo, impedindo-o de se aproximar do cockpit, enquanto o piloto declarou emergência e decidiu retornar a Sydney, pousando em segurança às 15h47, horário local.
Após o pouso, o avião permaneceu na pista por quase três horas, cercado por serviços de emergência, incluindo a Polícia Federal Australiana (AFP). Passageiros relataram momentos de medo, com alguns descrevendo Arif rezando alto e gritando “Allahu Akbar” — uma expressão islâmica que significa “Deus é o maior” — várias vezes. Às 19h, a AFP invadiu a aeronave e prendeu Arif, que foi acusado de fazer uma declaração falsa sobre ameaça a uma aeronave e de não cumprir as instruções de segurança da tripulação. Cada acusação prevê pena máxima de 10 anos de prisão e multa de até 15 mil dólares australianos.
O incidente paralisou o Aeroporto Internacional de Sydney, cancelando mais de 30 voos domésticos e atrasando outros por até 90 minutos. A comissária de polícia de Nova Gales do Sul, Karen Webb, defendeu o tempo de resposta, afirmando que a prioridade foi “desarmar a situação sem escalá-la”. Em tribunal, Arif se declarou culpado e, em dezembro de 2024, foi sentenciado a 14 meses de prisão, a serem cumpridos na comunidade sob uma ordem de correção intensiva, com condições que incluem tratamento psiquiátrico até fevereiro de 2026.
A Malaysia Airlines emitiu um comunicado destacando que a segurança de passageiros e tripulantes é sua maior prioridade, e o voo foi minuciosamente inspecionado antes de os passageiros serem realocados. O caso reacendeu discussões sobre segurança aérea e o equilíbrio entre liberdade individual e proteção coletiva, em um país que valoriza a estabilidade e a ordem em seus sistemas de transporte.