Na terça-feira, 18 de março de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mantiveram uma ligação telefônica de 90 minutos que marcou um passo significativo nas negociações para aliviar o conflito na Ucrânia, em curso há mais de três anos. A conversa, confirmada tanto pela Casa Branca quanto pelo Kremlin, resultou em acordos iniciais e na criação de grupos técnicos para discutir soluções duradouras, refletindo um esforço conjunto para reduzir as tensões em um dos maiores conflitos da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Um dos pontos centrais da discussão foi a proposta de Trump para um cessar-fogo de 30 dias, durante o qual ambos os lados se comprometeriam a não atacar infraestruturas energéticas. Putin aceitou a ideia “em princípio”, ordenando imediatamente ao Exército russo que suspendesse tais ações, segundo comunicado do Kremlin. A medida visa proteger usinas como a de Zaporizhzhia, sob controle russo, mas essencial para a Ucrânia, onde danos ao setor energético têm causado apagões frequentes. Em contrapartida, Putin exigiu que a Ucrânia suspenda sua mobilização militar e o recebimento de armas ocidentais durante o período, condições que a Casa Branca não confirmou terem sido aceitas.
Outro avanço anunciado foi a troca de prisioneiros marcada para 19 de março, envolvendo 175 russos e 175 ucranianos, além da entrega de 23 soldados ucranianos feridos que estavam em tratamento na Rússia. A iniciativa, detalhada pelo Kremlin, foi saudada por Trump como um gesto de boa vontade. Ambos os líderes também decidiram formar equipes de especialistas para negociar detalhes de um cessar-fogo mais amplo, incluindo a segurança marítima no Mar Negro, com as tratativas começando imediatamente no Oriente Médio, conforme afirmou a Casa Branca. O local exato das negociações não foi especificado, mas Jeddah, na Arábia Saudita, foi mencionada em discussões anteriores.
A Casa Branca descreveu a ligação como “produtiva”, com Trump destacando em sua plataforma Truth Social que o acordo inicial sobre energia é um “primeiro passo para acabar com essa guerra horrível”. Putin, por sua vez, reiterou sua posição de que qualquer trégua deve levar a uma paz duradoura, mantendo suas demandas de longa data, como a neutralidade da Ucrânia e o reconhecimento de territórios ocupados, que somam cerca de 18% do país, incluindo a Crimeia e partes do leste. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que concordou com uma proposta similar de 30 dias na semana passada, enfatizou que a soberania de seu país não está em negociação.
O diálogo direto entre Trump e Putin, que combinaram manter contato frequente, sinaliza uma mudança na abordagem americana, agora mais focada em negociações bilaterais com a Rússia. Enquanto aliados europeus, como Reino Unido e França, pedem inclusão nas tratativas, a rápida movimentação de Trump e a resposta calculada de Putin indicam que ambos buscam moldar o futuro do conflito em seus termos, em um momento em que a Ucrânia enfrenta desafios no campo de batalha e na infraestrutura interna.
