O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciou em 18 de março de 2025 que se afastará temporariamente de seu mandato na Câmara dos Deputados para permanecer nos Estados Unidos, onde planeja intensificar denúncias contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, o parlamentar afirmou que abdicará do cargo sem remuneração por até 120 dias, conforme permite a legislação brasileira, alegando que sua decisão visa buscar “justiça” e “punições” contra o que descreve como abusos judiciais de Moraes. “Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e sua Gestapo da Polícia Federal merecem”, declarou, referindo-se ao ministro como um obstáculo à liberdade de expressão no Brasil.
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A decisão veio dias após o Partido dos Trabalhadores (PT) e deputados como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG) solicitarem ao STF a apreensão do passaporte de Eduardo, acusando-o de conspirar contra a soberania nacional ao articular sanções internacionais contra Moraes. No entanto, em uma reviravolta no mesmo dia do anúncio, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se contra o pedido, e Moraes arquivou a ação, rejeitando a retenção do documento. Mesmo com essa vitória jurídica, Eduardo optou por permanecer nos EUA, onde está desde 27 de fevereiro, justificando que o Brasil “não é mais um lugar seguro para fazer oposição”. Ele também revelou à CNN Brasil que avalia pedir asilo político, temendo represálias como prisão ou perda de seu passaporte.
O afastamento ocorre a uma semana do julgamento no STF, marcado para 25 de março, que decidirá se Jair Bolsonaro se tornará réu por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Eduardo afirmou que sua permanência nos EUA é estratégica para pressionar por um “movimento internacional” que garanta “eleições limpas” em 2026 e anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele planeja aproveitar sua proximidade com aliados do presidente Donald Trump, incluindo figuras como Steve Bannon e membros do Partido Republicano, para ampliar suas críticas a Moraes, acusado por ele de censurar vozes conservadoras e ameaçar empresas americanas como X e Rumble.
A licença sem vencimentos foi formalizada em 20 de março junto à Câmara dos Deputados, onde Eduardo disputava a presidência da Comissão de Relações Exteriores, cargo que agora ficará fora de seu alcance. Enquanto isso, o governo brasileiro, via Advocacia-Geral da União (AGU), prepara a defesa de Moraes contra ações nos EUA, incluindo um processo movido pela Trump Media & Technology Group e pela plataforma Rumble, que questionam ordens judiciais do ministro. A iniciativa de Eduardo reacende debates sobre a polarização política no Brasil e os limites da influência judicial, enquanto ele aposta na pressão externa como última trincheira contra o que chama de “regime de exceção”.