O presidente francês, Emmanuel Macron, reacendeu tensões internacionais ao sugerir, em um pronunciamento televisionado em 5 de março de 2025, que o arsenal nuclear da França poderia ser colocado à disposição para proteger aliados europeus contra o que ele descreve como uma “ameaça russa”. Em suas palavras, “a ameaça russa existe e afeta os países da Europa”, destacando a necessidade de a Europa assumir maior responsabilidade por sua defesa em um cenário de incertezas sobre o apoio dos Estados Unidos. A declaração veio dias após um encontro conturbado entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e Donald Trump, que suspendeu US$ 1 bilhão em ajuda militar à Ucrânia.
Macron enfatizou que a decisão sobre o uso de armas nucleares permaneceria exclusivamente nas mãos do presidente francês, mantendo a soberania da França sobre sua força de dissuasão, composta por cerca de 290 ogivas, segundo a Federação de Cientistas Americanos. Ele propôs abrir um “debate estratégico” com líderes europeus, respondendo ao apelo do provável próximo chanceler alemão, Friedrich Merz, que defende uma cooperação nuclear entre França e Reino Unido para fortalecer a segurança do continente. O plano coincide com a proposta de Ursula von der Leyen de investir €800 bilhões na defesa europeia, sinalizando um esforço para reduzir a dependência da OTAN e dos EUA.
A Rússia reagiu duramente. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou o discurso como “extremamente confrontacional”, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, acusou Macron de “chantagem nuclear”. Moscou interpreta as palavras como uma tentativa de Paris de assumir a liderança nuclear na Europa, substituindo o guarda-chuva americano, e alerta que isso pode escalar o conflito na Ucrânia, onde a Rússia mantém avanços militares. Putin, em resposta indireta, evocou o fracasso de Napoleão em 1812, sugerindo que a história pune quem subestima a Rússia.