Em um evento sem precedentes, o Castelo de Windsor, marco histórico da realeza britânica, abriu suas portas em 2 de março de 2025 para sediar um Iftar, a refeição que encerra o jejum diário do Ramadã. Mais de 360 convidados ocuparam o Salão São Jorge, um espaço reservado tradicionalmente para cerimônias de estado, em uma iniciativa do Ramadan Tent Project apoiada pela Royal Collection Trust. O Rei Charles III, embora ausente, foi apontado como favorável à ideia, conforme fontes próximas ao Palácio de Buckingham.
A noite trouxe o Adhan, a chamada islâmica para a oração, ecoando pelas muralhas do castelo, um som que muitos britânicos nunca imaginaram ouvir em um lugar tão simbólico. O Ramadã, iniciado em 28 de fevereiro, é um período sagrado para os muçulmanos, e a escolha de Windsor reflete uma tentativa de tornar os palácios reais mais acessíveis, segundo Simon Maples, diretor de operações de visitantes. Após um Iftar menor no Learning Centre em 2024, a decisão de elevar o evento aos aposentos de estado neste ano ampliou seu alcance — e as reações que ele provocou.
Charles, que ostenta o título de Defensor da Fé como chefe da Igreja da Inglaterra, já demonstrou interesse em causas inter-religiosas, como ao participar de ações comunitárias do Ramadã em Londres. No entanto, muitos britânicos estão se perguntando o que significa ver um espaço tão enraizado na tradição cristã da nação ser usado dessa forma. Nas ruas e nas redes sociais, há quem questione se o monarca ainda reflete os valores que a Coroa prometeu preservar, com alguns chamando o evento de um desvio inesperado em um reinado que já enfrenta desafios globais.
A Royal Collection Trust defende que a abertura do castelo é um passo para incluir todas as comunidades, mas a iniciativa não passou despercebida por uma população que vê na monarquia um bastião de sua história. Enquanto o Rei busca equilíbrio em um mundo em mudança, os britânicos parecem divididos sobre o que Windsor representa agora — e o que pode vir a representar no futuro.