Friedrich Merz, líder da União Democrata-Cristã (CDU) e favorito para ser o próximo chanceler da Alemanha após a vitória nas eleições de 23 de fevereiro de 2025, colocou-se em rota de colisão com o Tribunal Penal Internacional (TPI). Em uma ligação no domingo à noite com Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, Merz assegurou que ele poderá visitar a Alemanha sem temer o mandado de prisão emitido pelo TPI por supostos crimes de guerra em Gaza. Para os conservadores brasileiros, que veem com desconfiança as cortes internacionais, a atitude de Merz é um sinal de resistência contra o que chamam de “globalismo jurídico”.
O TPI acusou Netanyahu em novembro de 2024 de crimes como privação intencional de civis de bens essenciais durante o conflito em Gaza, mas Israel rejeita a autoridade do tribunal. Merz, em uma coletiva na segunda-feira, chamou a decisão de “absurda” e disse que “encontraria meios” para garantir que Netanyahu entre e saia da Alemanha sem problemas. “É inconcebível que um premiê israelense não possa visitar a Alemanha”, afirmou, destacando a relação especial entre os dois países devido ao Holocausto. A promessa veio após um telefonema descrito como “caloroso” por Netanyahu, que celebrou a postura como um desafio à “decisão escandalosa” do TPI.
A Alemanha, signatária do tratado do TPI, seria obrigada a prender Netanyahu em teoria, mas Merz parece disposto a ignorar isso, gerando críticas da esquerda alemã, que o acusa de “dois pesos e duas medidas”. Para a direita, alinhada ao apoio a Israel e à rejeição de organismos supranacionais, a jogada de Merz reforça a ideia de que nações soberanas devem priorizar alianças estratégicas acima de ordens externas. O futuro governo de Merz, ainda em formação, pode marcar uma guinada nas relações internacionais da Alemanha — e reacender o debate sobre o poder do TPI.