Entre em contato conosco: Contato@folhadoms.com.br

Marqueteiro de Milei avalia futuro das eleições e o poder dos memes nas urnas

Nobel explicou, durante Podcast, como Milei usou as redes sociais para conquistar espaço entre os mais novos e os menos politizados - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press )

Compartilhe:

Em participação no Podcast nesta quarta-feira (22/11), o marqueteiro argentino Pablo Nobel, que atuou como consultor de comunicação política na campanha de Javier Milei para a presidência da Argentina, avaliou as eleições, do país vizinho, terminadas no último domingo (19) e o que pode refletir nas campanhas municipais, no Brasil, no ano que vem. Na bancada, estavam os jornalistas Victor Correia e Roberto Fonseca.

A interlocução entre Milei e Nobel foi feita por auxiliares do ex-presidente Mauricio Macri, que apoiou o ultraliberal no segundo turno. No Brasil, Nobel trabalhou na eleição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2022, além de atuar na campanha de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, em 2014, e na de Geraldo Alckmin (PSB), em 2018.

Também fez parte da equipe eleitoral de candidatos de outros países, como Angola, onde trabalhou para José Eduardo dos Santos, e Argentina, nas campanhas de Eduardo Duhalde, Daniel Scioli e Alberto Fernandez.

Para o consultor, a comunicação eleitoral de hoje, mais do que nunca, está voltada para o on-line. Ele destacou, inclusive, que os memes foram “ponta de lança” da campanha Argentina. 

Na avaliação de Nobel, mesmo com participação mais expressiva, os mais jovens não estão interessados na política e, por isso, os memes se tornam um meio de atrair esse público para as discussões. “Os memes são a nova forma de se comunicar politicamente. Isso porque as eleições têm cada vez mais participação de jovens, que se tornaram um fator importante numericamente em turnos eleitorais.”

Outro fator que torna os memes um debate expressivo na política são as campanhas digitais horizontalizadas, que, para Nobel, é o diferencial do país. “Percebemos este ano, na Argentina, horizontalidades das redes, onde os vários colaboradores acabam criando o seu próprio conteúdo de forma orgânica.”

Milei usou a estratégia para conquistar espaço entre os mais novos e os menos politizados. A campanha superou as expectativas e o economista ultradireitista ganhou com larga vantagem do oponente, o ministro da Economia, Sergio Massa. A diferença foi de aproximadamente 3 milhões de votos. 

Cuidado ético

O marqueteiro avaliou, no Podcast, que as mídias sociais e a comunicação direta, principalmente por meio das redes sociais, chegaram para ficar e serão uma realidade durante as eleições brasileiras municipais do ano que vem.

Entretanto, Nobel apontou que as relações digitais necessitam de um novo cuidado ético. “Por um lado não se tem muito controle sobre o que as pessoas dizem, por outro é necessário entender o que é relato, o que é real e o que é fake news.”

Questionado, ele afirmou que as eleições brasileiras seguem a lógica norte-americana, além de ser mais profissional e vertical, o que foi seguido pelo ministro da Economia da Argentina. “A campanha do Massa teve esse profissionalismo, era mais preparada e mais tradicional. Do outro lado (Milei), foi uma campanha muito mais informal, mais de guerrilha, com menos recursos.”

Para o consultor, inclusive, Sergio Massa foi “muito superior” a Milei no último debate antes das eleições, mas não foi o suficiente para garantir a vitória. “O eleitor opta pela autenticidade em vez da preparação”, disparou.

Sobre a relação diplomática entre Brasil-Argentina, ameaçada pelas declarações de Milei antes mesmo da eleição, Nobel disse acreditar que os dois países sabem da importância da comunicação e irão criar pontes para o diálogo.

Correio Braziliense