Uma pesquisa do Instituto Datafolha, realizada entre 29 e 30 de julho de 2025 e publicada em 2 de agosto, indica que 40% dos brasileiros avaliam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ruim ou péssimo, enquanto apenas 29% o consideram ótimo ou bom. O levantamento, que entrevistou 2.004 eleitores em 130 cidades, com margem de erro de dois pontos percentuais, aponta ainda que 29% classificam a gestão como regular, e 1% não opinou. Esses números, que se mantêm estáveis em relação à pesquisa de junho, refletem um cenário de persistente insatisfação popular, em meio a desafios econômicos e políticos enfrentados pela administração petista.
A reprovação de 40% é particularmente acentuada entre grupos específicos, como eleitores de classe média baixa (62%), mais ricos (57%), evangélicos (55%), sulistas (51%) e pessoas com ensino superior (49%). A aprovação, por outro lado, é mais forte entre menos escolarizados (42%) e nordestinos (38%), mas mesmo nesses grupos a gestão Lula não alcança a maioria. A estagnação dos índices, mesmo após o confronto retórico com o presidente americano Donald Trump sobre tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros, sugere que a estratégia de Lula de adotar um discurso nacionalista não conseguiu reverter a percepção negativa. A pesquisa também mostra que 50% desaprovam o trabalho pessoal de Lula como presidente, enquanto 46% o aprovam, números que reforçam a polarização e a dificuldade de ampliar sua base de apoio.
Os desafios do governo Lula são agravados por um contexto econômico adverso. A inflação de alimentos, que subiu 4,5% nos últimos 12 meses até julho de 2025, segundo o IBGE, e crises como a instabilidade no sistema Pix, que afetou transações financeiras em 2024, alimentam o descontentamento. A imposição de tarifas pelos EUA, que impactam setores como o agronegócio e a indústria de açaí, adiciona pressão sobre a economia, com exportações brasileiras enfrentando perdas estimadas em US$ 2 bilhões anuais, segundo a Confederação Nacional da Indústria. A resposta de Lula, focada em retórica patriótica e críticas a Trump, não parece ter ressoado como uma solução prática para esses problemas, o que pode explicar a estabilidade na reprovação.
Além disso, a administração Lula enfrenta críticas por sua condução política. A tentativa de associar as tarifas americanas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como parte de uma narrativa de polarização, não alterou significativamente a percepção pública, conforme indicado pela pesquisa. A gestão também é questionada por sua dificuldade em avançar reformas estruturais, como a tributária, que segue emperrada no Congresso, e por não conseguir reverter a percepção de ineficiência em áreas como segurança pública, onde os índices de violência urbana cresceram 3,8% em 2024, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Esses fatores reforçam a visão de um governo que, apesar de promessas de retomada econômica e social, enfrenta dificuldades em entregar resultados concretos.
A comparação com o governo de Jair Bolsonaro, que em período equivalente de mandato (2021) registrava 51% de reprovação e apenas 24% de aprovação, sugere que Lula enfrenta um cenário menos desfavorável que seu antecessor, mas ainda assim preocupante. A incapacidade de capitalizar politicamente sobre o embate com Trump e a persistência de índices negativos indicam que o governo precisa de estratégias mais eficazes para reconquistar a confiança da população. A estabilidade dos números, mesmo em um momento de crise externa, aponta para uma base de apoio consolidada, mas limitada, que não consegue contrabalançar as críticas de setores que priorizam resultados econômicos e estabilidade.
