O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou que está considerando a possibilidade de regularizar a situação de imigrantes em situação irregular que vivem e trabalham no país há décadas. Em declarações recentes, ele destacou o valor de trabalhadores que contribuem para a economia americana, especialmente em setores como agricultura e hospitalidade. “Eles trabalham para os fazendeiros há 20, 25 anos. Não são cidadãos, mas são ótimos. Precisamos fazer algo por eles”, afirmou Trump, sugerindo uma abordagem mais flexível para certos grupos de imigrantes sem documentação, desde que atendam a critérios específicos, como longo tempo de residência e contribuição econômica.
A sinalização de Trump ocorre em meio a uma política migratória que prioriza a deportação de imigrantes com antecedentes criminais, com o objetivo inicial de remover cerca de um milhão de pessoas, segundo estimativas do Departamento de Segurança Interna (DHS). Dados do Pew Research Center indicam que, em 2022, aproximadamente 11 milhões de imigrantes sem documentos viviam nos EUA, muitos deles integrados à força de trabalho em setores essenciais, como agricultura, construção e serviços. A possibilidade de regularização para trabalhadores de longa data reflete uma tentativa de equilibrar a segurança nas fronteiras com a realidade econômica, já que a deportação em massa de todos os imigrantes irregulares poderia causar impactos significativos, como escassez de mão de obra e aumento de preços em setores dependentes desses trabalhadores.
A proposta de regularização ainda não foi detalhada, mas fontes próximas ao governo sugerem que poderia envolver um processo seletivo, exigindo comprovação de residência prolongada, ausência de antecedentes criminais e vínculo com empregadores que atestem sua contribuição. A medida, se implementada, representaria uma mudança em relação à retórica mais dura adotada durante a campanha de Trump, que prometeu a maior operação de deportação da história americana. Especialistas apontam que a agricultura, por exemplo, depende fortemente de trabalhadores imigrantes, com cerca de 50% da mão de obra agrícola nos EUA sendo composta por pessoas sem documentação, conforme relatório do Departamento de Agricultura dos EUA.A ideia de regularização enfrenta resistência de setores mais conservadores, que defendem a aplicação rigorosa das leis migratórias, mas também recebe apoio de empresários e agricultores que valorizam a mão de obra imigrante.
Trump enfatizou que qualquer iniciativa nesse sentido seria estruturada para proteger os interesses dos trabalhadores americanos, mantendo a prioridade de fortalecer a segurança nacional e combater a entrada irregular na fronteira. A menção a trabalhadores “ótimos” sugere uma abordagem pragmática, reconhecendo o papel desses imigrantes na sustentação de indústrias-chave.
O debate sobre a imigração nos EUA permanece polarizado. Enquanto o governo Trump intensifica ações como a deportação acelerada e o reforço da segurança na fronteira com o México, a possibilidade de regularização para trabalhadores de longa data indica uma abertura para soluções que conciliem ordem e estabilidade econômica. A Casa Branca ainda não divulgou um cronograma ou detalhes concretos sobre como essa política seria implementada, mas o anúncio já gera discussões entre comunidades imigrantes, empregadores e legisladores.