Escola na Alemanha Tenta Forçar Alunos a Participar de Cerimônia Islâmica, Mas Recua Após Protestos

Uma escola secundária em Berlim, a Ernst-Abbe-Gymnasium, no distrito de Neukölln, planejou uma celebração do Ramadã para os dias 12 e 13 de março de 2025, com o objetivo de promover a diversidade cultural entre os alunos. A iniciativa incluía atividades como jejum voluntário, orações e palestras sobre o mês sagrado muçulmano, além de um evento festivo ao pôr do sol para marcar o iftar, a quebra do jejum. A participação foi inicialmente apresentada como obrigatória para todos os estudantes, independentemente de sua religião ou preferências pessoais, o que gerou controvérsia entre pais e a comunidade local.

A direção da escola, liderada pela professora Kathrin Ludwig, justificou a proposta como uma forma de refletir a realidade multicultural do bairro, onde cerca de 90% dos alunos têm origem migratória, muitos de famílias muçulmanas da Turquia, Síria e Líbano. A ideia era integrar a celebração ao currículo escolar como uma atividade educativa, com apoio de professores e de uma associação islâmica local. No entanto, a obrigatoriedade do evento logo foi questionada. Alguns pais, incluindo aqueles de alunos cristãos, judeus e ateus, expressaram indignação, argumentando que a imposição violava o princípio de neutralidade religiosa nas escolas públicas alemãs, garantido pela Constituição do país.

A reação ganhou força quando um grupo de pais enviou uma carta ao Senado de Educação de Berlim, exigindo esclarecimentos. A pressão surtiu efeito: em 11 de março, o Senado interveio, lembrando a direção da escola que atividades religiosas não podem ser compulsórias em instituições públicas. Diante disso, a Ernst-Abbe-Gymnasium recuou, tornando a participação voluntária e, posteriormente, cancelando o evento formalmente devido à falta de consenso. Um porta-voz do Senado afirmou que “o ambiente escolar deve permanecer laico e respeitar a liberdade de escolha dos alunos e suas famílias”.

O caso reacendeu debates sobre multiculturalismo e secularismo na Alemanha, um país que abriga cerca de 5,5 milhões de muçulmanos, segundo o Instituto Federal de Estatísticas. Enquanto defensores da iniciativa a viam como um esforço para incluir uma população significativa, críticos apontaram o risco de privilegiar uma crença em detrimento de outras, em um momento em que a sociedade alemã já enfrenta tensões relacionadas à imigração e à integração. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) aproveitou o episódio para reforçar sua retórica anti-imigração, enquanto educadores pediram diretrizes mais claras sobre como abordar temas culturais nas escolas.

A decisão final da escola foi recebida com alívio por alguns e decepção por outros. Um pai, identificado apenas como Markus H., declarou ao jornal Berliner Zeitung que “a escola deve ensinar, não doutrinar”. Já uma mãe muçulmana, Amina K., lamentou a perda de uma oportunidade de “mostrar às crianças o valor da convivência”. O incidente expõe os desafios de equilibrar diversidade e neutralidade em um sistema educacional que busca servir a todos, sem abrir mão de seus princípios fundamentais.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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