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Volkswagen estuda transformar fábrica de Osnabrück em unidade de produção militar com o aumento do rearmamento europeu

A Volkswagen está considerando a conversão de sua fábrica em Osnabrück, na Alemanha, para a produção de veículos militares, aproveitando a onda de rearmamento que toma conta da Europa. A possibilidade ganhou força após declarações do CEO da empresa, Oliver Blume, que indicou abertura para explorar esse mercado, especialmente diante da queda nas exportações de carros e da capacidade ociosa das instalações. A ideia ganhou tração com interesse da Rheinmetall, maior fabricante de armas da Europa, que vê o local como adequado para fabricar tanques e outros equipamentos de defesa.

A fábrica de Osnabrück, que atualmente monta modelos como o T-Roc Cabriolet e já produziu veículos para marcas como Porsche, enfrenta incertezas sobre seu futuro desde o anúncio, em 2024, de que a produção de conversíveis seria encerrada em 2027. Com cerca de 2.300 funcionários, o site poderia ser reaproveitado para atender à crescente demanda por equipamentos militares, impulsionada por tensões geopolíticas e pela redução do suporte militar dos Estados Unidos à Europa, especialmente após as políticas de Donald Trump. A Rheinmetall, que já colabora com a Volkswagen na produção de caminhões militares, sugeriu que a conversão exigiria investimentos em infraestrutura, como a instalação de guindastes pesados, mas poderia ser viável com contratos governamentais de longo prazo.

A decisão reflete um contexto mais amplo de transformação industrial na Alemanha, onde a queda de 50% nas exportações de veículos desde o pico pré-pandemia, aliada à competição com fabricantes chineses, pressiona o setor automotivo. Economistas apontam que a reconversão de fábricas poderia abrir uma nova fonte de receita para empresas como a Volkswagen, que reportou um recuo de 15% nos lucros em 2024. No entanto, a proposta levanta questões sobre a identidade da marca, historicamente associada a carros civis, e sobre os custos de adaptação, que dependeriam de encomendas significativas do governo alemão.

A possibilidade também resgata memórias do passado da Volkswagen, que durante a Segunda Guerra Mundial produziu veículos militares, como o Kübelwagen, sob o regime nazista. Embora Blume tenha destacado que a empresa atuaria inicialmente como consultora e parceira da indústria de defesa, a iniciativa reflete uma adaptação estratégica ao cenário atual. Enquanto alguns veem a mudança como uma resposta pragmática, outros questionam os impactos sociais, como a possível realocação de trabalhadores, e o risco de desvios éticos em tempos de rearmamento acelerado.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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