Na quinta-feira, 13 de março de 2025, o vereador Vinícius de Oliveira Sandoval (Cidadania), conhecido como Vini, comandou uma manifestação em Campinas (SP) em defesa de uma “saúde justa” e do direito de fiscalização legislativa. O protesto, que reuniu cerca de 300 pessoas na Praça Rui Barbosa, no Centro, foi uma resposta à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que, em 5 de março, proibiu parlamentares de fiscalizar diretamente o trabalho de médicos em unidades de saúde, classificando tais ações como “intimidação”. Aos 22 anos, Vini — segundo vereador mais votado nas eleições de 2024 com 11.423 votos e o mais jovem da história da Câmara Municipal — ecoou o artigo 1º da Constituição Federal: “O poder emana do povo e em seu nome será exercido.”
A polêmica começou após Vini, um influenciador com 101 mil seguidores no Instagram, publicar vídeos em 2024 fiscalizando médicos do Hospital Mário Gatti, acusando-os de abandonar plantões. Um desses casos resultou em uma condenação judicial em fevereiro de 2025, quando a Justiça determinou que ele removesse um vídeo, fizesse uma retratação pública e pagasse R$ 10 mil por danos morais a um médico, que provou ter cumprido seu horário. O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) também pediu à Corregedoria da Câmara uma apuração ética contra o vereador, alegando constrangimento aos profissionais.
Durante a manifestação, Vini defendeu sua prerrogativa de fiscalizar serviços públicos, prevista no artigo 12 da Lei Orgânica do Município, e criticou a resolução do CFM como um ataque à democracia. “Proibir a fiscalização legislativa é calar o povo. Minha avó morreu na saúde pública de Campinas, e eu não vou me calar enquanto a população sofre com serviços precários”, declarou, segurando um cartaz com a frase “Saúde Justa Já”. Os manifestantes, incluindo apoiadores de direita e cidadãos comuns, entoaram gritos como “O povo quer saúde” e “CFM não manda na Câmara”.
A Rede Mário Gatti e a Secretaria de Saúde de Campinas negaram irregularidades nos plantões citados por Vini, enquanto o CFM justificou a medida como proteção aos médicos contra “ameaças e exposição indevida”. O vereador, que promete recorrer da decisão judicial e já anunciou uma nova ação contra o hospital, mantém o discurso combativo que o elegeu. “Fui escolhido por 11.423 campineiros para fiscalizar, não para ficar sentado no gabinete”, afirmou.
O ato reacende o debate sobre os limites da atuação parlamentar e a qualidade da saúde pública em Campinas, enquanto Vini consolida sua imagem como líder de uma juventude engajada, mas também polariza opiniões ao desafiar instituições tradicionais.