Em um cenário alarmante para a saúde pública, a dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, se tornou a principal causa de mortes por doenças infecciosas no Brasil em 2024, superando até mesmo a COVID-19. O país registrou 6.041 mortes por dengue no último ano, um aumento dramático em relação às 1.179 mortes em 2023. Esse salto de 400% coloca em evidência uma crise que precisa de respostas urgentes, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Aedes aegypti: O Verdadeiro Inimigo da Saúde Pública
Embora a COVID-19 tenha dominado os holofotes nos últimos anos, a dengue, causada pela picada do mosquito Aedes aegypti, continua a ser uma ameaça muito real para os brasileiros. Essa doença, historicamente negligenciada em termos de investimentos de prevenção, tem mostrado sua força devastadora em 2024.
Com a retomada das atividades após a pandemia e a diminuição da atenção global sobre o combate à COVID-19, parece que a vigilância contra a dengue foi reduzida, o que possibilitou o crescimento descontrolado da proliferação do mosquito. A falta de políticas públicas eficientes e a ausência de campanhas rigorosas de combate ao Aedes aegypti contribuíram para a escalada desses números.
Falta de Infraestrutura e Políticas Públicas Ineficientes
O aumento expressivo das mortes por dengue expõe um problema maior: a falha do Estado em priorizar a saúde pública em diversas áreas críticas. A infraestrutura deficitária nas cidades brasileiras, combinada com a má gestão de recursos, criou um ambiente propício para o avanço da dengue. Bairros mais pobres e cidades com condições sanitárias precárias sofrem ainda mais com a propagação do mosquito, demonstrando que a negligência governamental é uma das principais causas desse aumento alarmante.
Além disso, ao passo que o foco da saúde pública esteve centrado na COVID-19, a prevenção de outras doenças tropicais, como a dengue, foi colocada em segundo plano. O aumento das mortes é um reflexo claro da falta de uma estratégia abrangente e contínua para o combate a essa ameaça.
O Colapso no Sistema de Saúde
Outro ponto que não pode ser ignorado é a sobrecarga do sistema de saúde brasileiro. Hospitais já debilitados pela pandemia enfrentam dificuldades em tratar a alta demanda de casos graves de dengue. As unidades de saúde, que por anos estiveram focadas em combater a COVID-19, agora se encontram desestruturadas para lidar com o crescente número de pacientes infectados com dengue.
O colapso dos hospitais em várias regiões do país é um lembrete sombrio de que o governo não conseguiu se preparar para novas ondas de surtos de doenças endêmicas. A falta de leitos, medicamentos e pessoal treinado para tratar complicações de dengue está se mostrando um desafio insuperável para as unidades de saúde.
Estados Mais Afetados Pela Dengue
Algumas regiões brasileiras são mais duramente atingidas pelo aumento de casos de dengue, principalmente áreas que enfrentam dificuldades históricas com saneamento básico e controle de pragas. O Norte e o Nordeste do Brasil, por exemplo, enfrentam os maiores índices de proliferação do mosquito, onde a combinação de calor intenso, chuvas frequentes e más condições sanitárias criam o ambiente ideal para a propagação da doença.
Cidades que há anos enfrentam problemas com a coleta de lixo, esgoto a céu aberto e falta de tratamento de água são as mais impactadas. Esses fatores combinados revelam a desigualdade na distribuição de recursos e políticas públicas de combate à dengue, que deixa as regiões mais vulneráveis ainda mais expostas a epidemias.
O Alerta que o Brasil Ignorou
Enquanto a pandemia de COVID-19 trouxe desafios enormes para o Brasil e o mundo, os números de 2024 deixam claro que a dengue é uma ameaça ainda mais mortal. Com mais de 6.000 vidas perdidas em um ano, a dengue se mostra como um perigo à altura de qualquer pandemia global.
O que muitos não esperavam é que, enquanto o foco mundial estava na COVID-19, outra epidemia estava se formando nas cidades brasileiras. A falta de conscientização, campanhas de prevenção insuficientes e a relutância em adotar políticas de controle efetivas transformaram o Aedes aegypti em um inimigo ainda mais letal.