Os livros da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), protagonizados por bichos do Pantanal, ultrapassaram as páginas e se tornaram verdadeiras ferramentas de aprendizado e cidadania. Mais do que histórias para ler, eles também inspiram educadores, pais e cuidadores a divertirem e despertar nas crianças e pré-adolescentes o senso de responsabilidade social e ambiental. Cada título da coleção traz atividades lúdicas que estimulam o pensamento crítico e a reflexão. Assim, as obras conquistam espaço em escolas, lares e ambientes culturais, contribuindo para formar cidadãos capazes de transformar a realidade. E, agora, a “Turma do Folclore em: Baile da Bicharada” é o mais recente convite para esse universo onde o brincar e o aprender caminham lado a lado, promovendo a educação e a valorização cultural.
Este décimo livro da coleção, também produzido pela Gerência de Site e Mídias Sociais, vinculada à Secretaria de Comunicação Institucional, virou repertório lúdico em atividade cultural realizada no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Querência do Sul, em Dourados, em comemoração ao Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto. A obra, escrita pela jornalista Aline Kraemer, integra a coleção “Cidadania é o Bicho” e revela como até o enigmático Bicho-homem Pé-de-Garrafa não resistiu à alegria de um baile no Pantanal. Inicialmente, a figura folclórica causou medo, mas logo os animais pantaneiros recordaram a amizade que os uniu. Além de despertar o interesse pelo folclore, o livro também busca valorizar a temática pantaneira e motivar o estudo da identidade regional.
A ação no CTG reuniu cerca de 40 integrantes da entidade, as prendas e os peões, que participaram de momentos de leitura, desenho do personagem folclórico Bicho Pé-de-Garrafa e atividades lúdicas, como cruzadinhas. A publicação, ambientada no Pantanal, busca despertar o interesse pelo folclore brasileiro, valorizar a temática regional e incentivar o estudo da identidade cultural sul-mato-grossense.
Em Mato Grosso do Sul, além de manterem vivas essas raízes, as entidades tradicionalistas gaúchas também cumprem o papel de integrar o folclore regional, valorizando elementos da cultura pantaneira e mitos ou lendas locais.
O patrão do CTG Querência do Sul, como é chamado o presidente na linguagem tradicionalista gaúcha, Maickon Decian, destacou a relevância de transmitir às novas gerações a riqueza cultural tanto do Rio Grande do Sul quanto de Mato Grosso do Sul. “Passar para as crianças esse conhecimento, essa história e essa cultura é fundamental para que as próximas gerações mantenham viva a essência que hoje temos como tradição. Se elas não vivenciarem isso, corre-se o risco de a cultura desaparecer”, afirmou.
Segundo ele, o CTG busca constantemente promover atividades que reforcem a identidade cultural, folclore e tradições. “Estamos hoje inseridos dentro do Mato Grosso do Sul e grande parte das nossas crianças já são nascidas aqui. Então não podemos deixar de mostrar e apresentar para eles o que o nosso Estado tem de cultura, tradição e folclore. O CTG, além de enfatizar e cultivar muito a tradição gaúcha, tem como princípio básico as raízes onde nós estamos alicerçados. A cultura sul-mato-grossense é muito difundida dentro da estrutura do CTG e, principalmente, por se tratar de uma cultura que tem como princípios muitos pontos parecidos com a nossa, como a interação do homem com o campo. Isso cria um elo forte entre as culturas”, explicou o patrão da entidade.
Maickon Decian parabenizou a iniciativa do Parlamento Estadual e ação cultural da prenda: “É muito importante passarmos esses ensinamentos às nossas crianças, pois com certeza teremos a garantia de que as futuras gerações continuarão cultivando as tradições”, finalizou.
Dedicação dos prendados
Em um CTG, o trabalho dos prendados – termo usado para se referir às prendas e peões eleitos em concursos que envolvem diversas provas – consiste na preservação e valorização da cultura gaúcha e sul-mato-grossense por meio de um conjunto de atividades.
A 1ª Prenda e diretora de Arte e Cultura do CTG Querência do Sul, Katharine Pederiva, é a responsável pela organização da oficina cultural alusiva ao Dia do Folclore na instituição. Mesmo com algumas pausas por conta da pandemia, ela conduz a atividade há anos. “Esta atividade está sob a minha responsabilidade e é algo que realizo com dedicação, porque acredito na importância de valorizar o nosso folclore”, disse.
Katharine lembra que lendas do folclore gaúcho e brasileiro, como a do “Negrinho do Pastoreio”, já são amplamente difundidas nesses ambientes. No entanto, ela se preocupa para o risco de esquecimento das lendas regionais de Mato Grosso do Sul, que considera pouco conhecidas. “Nós que estamos inseridos aqui, precisamos levar para dentro dos CTG’s as lendas e mitos regionais como o Pé-de-Garrafa, o Minhocão e o Mar de Xaraés”, alertou.
Recentemente, em celebração do mês do folclore, a prenda apresentou lendas do cerrado em uma live e utilizou novamente o material produzido pela ALEMS. Para Katharine, iniciativas como essa são fundamentais para garantir que as futuras gerações conheçam e preservem o patrimônio cultural sul-mato-grossense e gaúcho. “O material do folclore que a Assembleia Legislativa produziu, por meio do texto da Aline Kraemer e desenhos das filhas, é fenomenal. Apresentei para cerca de 30 tradicionalistas de vários CTG’s e Estados e todos ficaram impressionados com a qualidade do conteúdo. Inclusive, me pediram para divulgar mais, de tão lindo que ficou”, contou.
Teatro em MT
Em 2023, outro livro da coleção “Cidadania é o Bicho” da ALEMS, intitulado “Capivarinhas não são sozinhas”, foi transformado em peça teatral na cidade de Vera, em Mato Grosso, atingindo diversas escolas da região. Essa adaptação teatral, realizada por adolescentes, levou a mensagem da obra — que aborda o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes — para aproximadamente 450 espectadores, ampliando o alcance educativo do livro em formato lúdico e acessível.
“Foi uma mobilização aqui no município”, contou à época Tânia Vaniski, coordenadora do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Vera, em menção ao alcance da peça teatral produzida a partir da história do livro. “Foi muito bom fazer um trabalho em cima de um livro em forma de teatro desenvolvido por adolescentes. Essa ação fez parte do 18 de Maio, a campanha ‘Faça bonito’. E a experiência que nós tivemos foi impactante, porque mobilizamos o município”, comemorou.
A iniciativa fez parte da campanha “Maio Laranja” e mostrou ser uma poderosa ferramenta de comunicação, com impacto positivo na mobilização social local. Com isso, os livros da coleção não só são lidos, mas ganham vida em atividades que promovem cidadania e direitos humanos de forma envolvente e transformadora.
“Cidadania é o Bicho”
O livro “Turma do Folclore em: Baile da Bicharada” é o décimo livro da coleção “Cidadania é o Bicho”. Todos abordam, de forma lúdica e acessível, temas importantes e atuais, como saúde mental, preservação ambiental, participação política e democracia, racismo, autismo, eleições, respeito aos idosos, abuso infantil, igualdade de gênero, violência contra a mulher, além do folclore.
Entre os títulos já lançados: “Capivarinhas não são sozinhas” (abuso infantil), “Uma festa para a vida” (violência contra idosos), “A descoberta da oncinha de laço apertado” (igualdade de gênero), “Preta, rainha nascida do céu e da terra” (racismo), “Iguana calada” (violência contra a mulher), “Corria no Pantanal uma ema” (transtorno do espectro autista), “Memórias de um ipê amarelo” (preservação ambiental e queimadas) , “Para onde vai o buraco quando o tatu fica feliz” (saúde mental), “Democracia Pantaneira” (democracia e participação política) e “Turma do folclore em: baile da bicharada” (valorização do folclore regional).
As publicações são gratuitas e podem ser baixadas no site da Assembleia Legislativa (aqui).