Em 23 de julho de 2025, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) denunciou que sua esposa, Heloísa Wolf, teve suas contas bancárias e chave Pix bloqueadas por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A medida, segundo o parlamentar, foi tomada sem notificação prévia ou justificativa legal, e Heloísa, que não é investigada nem atua na política, só descobriu o bloqueio ao tentar realizar uma transferência via Pix, recebendo a mensagem do banco: “Transação não concluída. Não é permitida a emissão de Pix de conta bloqueada.” A decisão, que também atingiu as contas e bens de Eduardo dois dias antes, intensifica as tensões entre o STF e a família Bolsonaro, em meio a investigações sobre supostas ações contra a soberania nacional.
A ordem de Moraes, emitida em 22 de julho, faz parte de um inquérito que apura a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, onde ele reside desde março de 2025, após obter licença parlamentar. O deputado é investigado por supostamente articular sanções do governo americano contra autoridades brasileiras, incluindo as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas em 9 de julho. No entanto, a inclusão de Heloísa Wolf, que não é citada em inquéritos, levantou questionamentos sobre a proporcionalidade da medida. A defesa da esposa do parlamentar classificou o bloqueio como “abusivo”, argumentando que ela não tem envolvimento em atividades políticas ou investigações criminais, sendo a decisão uma possível extrapolação de competência.
A ausência de notificação prévia, conforme relatado por Eduardo, reforça as críticas de que as ações do STF carecem de transparência. Juristas consultados apontam que o artigo 5º, inciso XLV, da Constituição Brasileira estabelece que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”, sugerindo que medidas contra familiares de investigados, sem fundamentação clara, podem violar princípios constitucionais. O bloqueio das contas de Heloísa, que é psicóloga e não exerce função pública, foi percebido por aliados do deputado como uma tentativa de pressão indireta sobre a família Bolsonaro, em um contexto de crescente polarização política.
O caso também ocorre em um momento delicado para Eduardo, cuja licença parlamentar expirou em 20 de julho, podendo levar à perda de seu mandato por ausência injustificada. A decisão de Moraes incluiu o bloqueio de seu salário como deputado, além de bens móveis e imóveis, com o objetivo de limitar sua atuação nos EUA. A Polícia Federal investiga a transferência de cerca de R$ 2 milhões de Jair Bolsonaro para o filho, supostamente para financiar sua permanência no exterior. Enquanto isso, a medida contra Heloísa Wolf alimenta o debate sobre os limites do Judiciário em ações que impactam cidadãos sem envolvimento direto em investigações.A reação à medida foi imediata. Líderes do PL, como o deputado Sóstenes Cavalcante, repudiaram o bloqueio, destacando que Heloísa “não é investigada, nem citada em qualquer processo”. Nas redes sociais, o próprio Eduardo classificou a ação como “arbitrária”, sugerindo que o STF busca intimidar sua família. O caso ganha relevância em um cenário de tensões diplomáticas, com a suspensão de vistos de ministros do STF pelos EUA, e reacende discussões sobre a necessidade de equilíbrio entre a defesa das instituições e o respeito aos direitos individuais.