Em 2025, o Procurador-Geral Federal da Alemanha, Jens Rommel, anunciou a abertura de 146 processos criminais relacionados a ameaças à segurança nacional, dos quais 144 estão ligados a terrorismo islâmico ou atividades de extremismo envolvendo imigrantes ilegais, conforme reportado pelo outlet NIUS. Destes, 84 casos concentram-se em suspeitas de terrorismo islâmico, com foco em indivíduos oriundos de países como Síria, Iraque e Afeganistão, enquanto 60 processos abordam extremismo estrangeiro, incluindo atividades de grupos como o Estado Islâmico e Hamas. O aumento significativo em relação a 2024, quando cerca de 500 das 700 investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal alemão já tratavam de terrorismo islâmico, reacende o debate sobre as políticas migratórias e os desafios de segurança interna na Alemanha.
Os dados refletem uma crescente preocupação com a radicalização e a infiltração de extremistas em meio ao fluxo migratório, especialmente após incidentes como o ataque a faca em Mannheim, em maio de 2024, onde um afegão de 25 anos matou um policial e feriu cinco pessoas em um ato motivado por convicções religiosas. Rommel destacou que a filial Khorasan do Estado Islâmico tem direcionado esforços de recrutamento e ataques à Alemanha, enquanto a organização palestina Hamas também representa uma ameaça crescente, com quatro suspeitos presos em dezembro de 2024 por planejar ataques contra instituições judaicas na Europa. Esses episódios reforçam a percepção de que a segurança interna alemã enfrenta riscos significativos, agravados pela imigração descontrolada e pela dificuldade de integrar comunidades que, em alguns casos, rejeitam valores ocidentais como a liberdade de expressão e a igualdade.
A escalada de casos levou o governo alemão a adotar medidas mais duras. Após cinco atentados islamistas em menos de um ano, as autoridades anunciaram o reforço das fronteiras e a aceleração de deportações de imigrantes ilegais, conforme noticiado pelo jornal Libertad Digital. O deputado Martin Hess, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), afirmou que “99% dos casos graves de terrorismo envolvem estrangeiros e extremistas islâmicos de Síria, Iraque e Afeganistão”, destacando que a imigração desregulada é a principal ameaça à segurança interna. A Alemanha também intensificou a vigilância sobre indivíduos radicalizados sem vínculos diretos com organizações terroristas, como no caso de Mannheim, onde o agressor agiu sozinho, mas movido por ideologias extremistas.
O debate público, intensificado pelas eleições gerais de fevereiro de 2025, tem colocado as políticas migratórias no centro das discussões. Críticos das fronteiras abertas, como a AfD, argumentam que a entrada de imigrantes de países com históricos de instabilidade política e religiosa compromete a coesão social e a segurança. Dados do Ministério do Interior alemão indicam que, desde 2015, mais de 1,5 milhão de requerentes de asilo entraram no país, muitos sem documentação adequada, dificultando a triagem de potenciais ameaças. A proposta de endurecer as leis de imigração e deportação ganha força, especialmente após eventos como o ataque em Magdeburg, em dezembro de 2024, que, embora não classificado como terrorismo por Rommel devido à ausência de motivação política clara, alimentou a desconfiança em relação a imigrantes.
A resposta da Alemanha a esses desafios envolve um equilíbrio delicado. O governo, sob pressão para agir, anunciou investimentos de € 1,2 bilhão em segurança pública, incluindo tecnologia de monitoramento e treinamento para forças policiais. No entanto, medidas como a proibição de mesquitas ligadas a grupos extremistas e a revisão do sistema de asilo enfrentam resistência de partidos de esquerda, que temem a estigmatização de comunidades muçulmanas. Rommel enfatizou a necessidade de ações preventivas, como a desradicalização e a cooperação internacional, mas alertou que a ameaça de ataques “solitários” por indivíduos radicalizados permanece um desafio significativo. Para muitos alemães, a prioridade é proteger a ordem democrática e os valores nacionais, garantindo que a segurança prevaleça em um contexto de crescente polarização.