Em um movimento que expõe a crescente instabilidade política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o União Brasil anunciou, em 2 de agosto de 2025, sua saída da base aliada, com a entrega dos ministérios do Turismo, ocupado por Celso Sabino, e das Comunicações, liderado por Frederico Siqueira, até setembro. Antonio Rueda, presidente da sigla, justificou a decisão afirmando que “o compromisso do partido é com princípios, não com cargos”, em um discurso que reflete descontentamento com a condução do governo. Paralelamente, os Progressistas (PP) sinalizam o rompimento, com a entrega do Ministério do Esporte, comandado por André Fufuca, aprofundando a crise na articulação política do Planalto. Essa debandada evidencia a dificuldade de Lula em manter a coesão de sua base no Congresso, em meio a críticas sobre a gestão econômica e a polarização política.
A decisão do União Brasil foi precipitada por um discurso de Rueda durante um evento da XP Investimentos, onde ele criticou a falta de diálogo do governo e a condução de políticas que, segundo ele, desrespeitam valores defendidos pelo partido, como a defesa da liberdade e a eficiência administrativa. A saída do partido, que detém 59 deputados e sete senadores, representa uma perda significativa para Lula, cuja base já enfrenta dificuldades para aprovar pautas prioritárias, como a reforma tributária e medidas de ajuste fiscal. A ameaça de expulsão de Sabino e Siqueira, caso optem por permanecer nos cargos, reforça a postura firme do União Brasil, que busca se reposicionar como independente, alinhando-se a valores mais tradicionais e evitando a percepção de subserviência a um governo desgastado.
O PP, com 48 deputados e seis senadores, segue um caminho semelhante ao planejar a entrega do Ministério do Esporte. A movimentação ocorre em um momento de insatisfação com a falta de protagonismo oferecido pelo Planalto aos aliados e com a condução econômica do governo, marcada por inflação persistente (4,5% em 2024, segundo o IBGE) e aumento do risco-país após as tarifas americanas de 50% sobre 36% das exportações brasileiras. A gestão de Lula é criticada por priorizar agendas ideológicas, como a desdolarização, em detrimento de negociações pragmáticas que poderiam mitigar os impactos das tensões comerciais com os Estados Unidos. A perda de apoio de partidos centristas, que historicamente garantem governabilidade, reflete a incapacidade do governo de articular uma coalizão estável, agravada pela percepção de que Lula privilegia interesses do PT em vez de uma agenda nacional.
A crise política também é alimentada pela polarização gerada por decisões judiciais controversas, como a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, que afastou setores do Congresso alinhados a pautas conservadoras. O União Brasil e o PP, sensíveis a essas tensões, buscam se distanciar de um governo que enfrenta protestos em 62 cidades, conforme reportado pela imprensa, exigindo maior transparência e respeito às liberdades individuais. A saída desses partidos pode dificultar a aprovação de medidas econômicas cruciais, como o orçamento de 2026, e ampliar a influência de forças oposicionistas, que capitalizam o descontentamento com a gestão Lula.
A debandada do União Brasil e do PP não é apenas uma questão de cargos, mas um indicativo de que a estratégia de Lula de governar com uma base fragmentada está colapsando. A insistência em políticas que desagradam aliados centristas e a falta de respostas concretas para desafios econômicos, como a perda de competitividade nas exportações, expõem uma administração que parece desconectada das prioridades do país. Enquanto o governo enfrenta críticas por sua lentidão em reagir às pressões externas e internas, a decisão desses partidos reforça a necessidade de uma liderança que priorize a estabilidade e o interesse nacional, valores que o União Brasil e o PP afirmam defender ao romper com o Planalto.