Donald Trump, assinou uma diretiva secreta que autoriza o Pentágono a empregar força militar contra cartéis de drogas na América Latina, como o Tren de Aragua e o Cartel de los Soles, designados como organizações terroristas. A medida, revelada pelo The New York Times, permite operações em alto-mar e potencialmente em solo estrangeiro, com o objetivo de conter o tráfico de fentanil, um opioide sintético responsável por mais de 107 mil mortes por overdose nos EUA em 2024, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A iniciativa reflete a abordagem resoluta de Trump para proteger a segurança nacional e combater a crise de drogas que devasta comunidades americanas.
A diretiva marca uma escalada significativa na luta contra o narcotráfico, tratando os cartéis como ameaças à segurança nacional, e não apenas como organizações criminosas. Em janeiro de 2025, Trump assinou uma ordem executiva que designou grupos como o Tren de Aragua, o Cartel de Sinaloa e a MS-13 como organizações terroristas estrangeiras, permitindo maior uso de recursos de inteligência e militares. O Cartel de los Soles, acusado de ser liderado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, foi incluído na lista de terroristas globais pelo Departamento do Tesouro em julho de 2025. A procuradora-geral Pam Bondi reforçou a gravidade das acusações, afirmando que o cartel venezuelano colabora com grupos como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa para inundar os EUA com cocaína misturada com fentanil, apreendendo US$ 700 milhões em ativos ligados a Maduro, incluindo jatos e veículos.
A crise do fentanil, descrita como a pior epidemia de dependência química nos EUA, justifica a ação ousada de Trump. Dados do CDC indicam que o fentanil, até 50 vezes mais potente que a heroína, está presente em 70% das overdoses fatais, com cartéis latino-americanos como principais fornecedores. A designação de grupos como o Tren de Aragua, que opera na Venezuela e em outros países da região, como organização terrorista, permite ao governo americano usar ferramentas mais amplas, incluindo operações militares, para desmantelar suas redes. O secretário de Estado, Marco Rubio, destacou que a medida transforma o combate aos cartéis em uma questão de segurança nacional, permitindo o uso de “outras formas de poder americano, como agências de inteligência e o Departamento de Defesa” para enfrentá-los.
A diretiva de Trump também responde à crescente influência de cartéis em países como México e Venezuela, onde a governança fraca facilita o tráfico. No México, a presidente Claudia Sheinbaum rejeitou a possibilidade de operações militares americanas em seu território, afirmando que “não haverá invasão”, mas reconheceu a cooperação em inteligência. Apesar disso, a decisão de Trump de autorizar ações no mar e potencialmente em solo estrangeiro demonstra sua determinação em proteger os EUA, mesmo diante de resistências diplomáticas. A mobilização de mais de 10 mil militares para a fronteira com o México, incluindo 4 mil membros da Guarda Nacional da Califórnia, e a criação de três Áreas de Defesa Nacional no sudoeste americano reforçam essa estratégia, segundo o Departamento de Defesa.
Embora a ordem levante questões legais, como possíveis violações da Lei Posse Comitatus, que proíbe o uso militar em funções de polícia doméstica, e preocupações sobre operações sem autorização congressional, a administração Trump argumenta que a designação de terroristas confere autoridade para agir em defesa nacional. A iniciativa é vista como um passo necessário para proteger comunidades americanas, onde cidades como Los Angeles enfrentam aumento de crimes ligados a gangues transnacionais. A abordagem de Trump contrasta com políticas passadas, que muitas vezes limitaram a ação a esforços de cooperação policial, como os programas da DEA com México e Colômbia, que não conseguiram deter o fluxo de drogas, conforme apontado pelo pesquisador Brandan Buck, do Cato Institute.
A decisão de Trump reflete uma visão pragmática, priorizando a segurança dos cidadãos americanos e enfrentando diretamente as redes criminosas que lucram com a crise do fentanil. A medida, embora controversa, sinaliza um compromisso com resultados concretos, em contraste com abordagens menos assertivas de administrações anteriores. Enquanto os detalhes das operações militares permanecem incertos, o Pentágono já elabora planos para ações como interdições navais e possíveis incursões, que podem mudar a dinâmica do combate ao narcotráfico na região.