Em 6 de agosto de 2025, Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos durante a primeira administração de Donald Trump, fez declarações contundentes durante uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados do Brasil. Benz alegou que a Agência Central de Inteligência (CIA), sob o governo de Joe Biden, desempenhou um papel ativo nas eleições presidenciais brasileiras de 2022, com o objetivo de impedir a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, a operação envolveu a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o National Endowment for Democracy (NED) e o Atlantic Council, que teriam financiado esforços de censura por meio de parcerias com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e agências de checagem de fatos no Brasil.
Benz, que atuou como chefe da divisão de informática do Departamento de Estado, afirmou que a USAID destinou “dezenas de milhões de dólares” para promover iniciativas de combate à desinformação, que, segundo ele, visavam restringir conteúdos favoráveis a Bolsonaro em plataformas como WhatsApp, Telegram e X. Ele destacou que o Atlantic Council, uma organização com laços com o governo americano, teria realizado cursos e parcerias com o TSE para orientar a remoção de conteúdos considerados problemáticos, sob a justificativa de proteger a democracia. “Se a USAID não existisse, Bolsonaro ainda seria presidente, e o Brasil teria uma internet livre e aberta”, declarou Benz, sugerindo que essas ações minaram a soberania eleitoral brasileira.
As acusações de Benz, feitas em podcasts como o “War Room” de Steve Bannon e em entrevistas, como no “The Joe Rogan Experience”, apontam para um suposto “Complexo Industrial da Censura”, financiado por entidades americanas para influenciar eleições em países como o Brasil. Ele cita reuniões do Atlantic Council logo após a eleição de Bolsonaro em 2018, que teriam identificado as redes sociais como um fator determinante para sua vitória, levando à criação de uma infraestrutura de censura no Brasil. Além disso, Benz mencionou a organização Internews, financiada pela USAID, que teria promovido programas de “integridade da informação” em parceria com veículos de mídia brasileiros.
No entanto, as alegações carecem de evidências concretas. Organizações citadas, como o International Center for Journalists (ICFJ) e a Meedan, negaram o uso de fundos da USAID para projetos no Brasil. O ICFJ afirmou que seus recursos da USAID foram aplicados em iniciativas fora do Brasil, como um guia de segurança para jornalistas na fronteira México-EUA. A Meedan esclareceu que seus projetos com o TSE, como os bots de WhatsApp “Confirma” e “Confia”, foram financiados pela Meta e por recursos próprios, não por agências americanas. O TSE, por sua vez, refutou qualquer interferência externa em suas decisões, destacando que suas parcerias visam apenas combater desinformação sem violar a liberdade de expressão.
A denúncia de Benz gerou reações no Brasil, com deputados como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO) defendendo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a suposta interferência americana. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, classificou as acusações como “especulações infundadas” que atentam contra a soberania nacional. As tensões diplomáticas se intensificaram, especialmente após as sanções dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, acusado por Benz de colaborar com o suposto esquema ao liderar o inquérito das fake news no STF. Enquanto isso, o governo de Donald Trump, que reassumiu a presidência em 2025, apoia a narrativa de Benz, reforçando a defesa de Bolsonaro como um líder populista alinhado aos interesses americanos.
As declarações de Benz reacendem debates sobre a influência externa em processos democráticos e a delicada relação entre soberania nacional e parcerias internacionais. Embora as acusações apontem para uma operação coordenada, a ausência de provas documentais mantém o caso no campo das especulações, alimentando a polarização política no Brasil e as tensões com os Estados Unidos.