A Coca-Cola anunciou, em 22 de julho de 2025, o lançamento de uma versão de seu refrigerante clássico adoçado com açúcar de cana cultivado nos Estados Unidos, com previsão de chegada ao mercado americano no outono. A decisão, divulgada durante a apresentação dos resultados financeiros do segundo trimestre, ocorre poucos dias após o presidente Donald Trump declarar, em sua plataforma Truth Social, que havia convencido a empresa a adotar o “açúcar de cana de verdade” em substituição ao xarope de milho de alta frutose, utilizado na fórmula americana desde os anos 1980. A iniciativa reflete uma resposta às preferências de consumidores e reforça o compromisso com a inovação, ao mesmo tempo que valoriza a produção agrícola nacional.
A nova versão, que complementará a linha de produtos da Coca-Cola sem substituir a fórmula atual, será produzida com açúcar de cana proveniente de estados como Flórida, Louisiana e Texas, que respondem por cerca de 30% do fornecimento de açúcar nos EUA. A empresa destacou que o lançamento faz parte de sua “agenda de inovação contínua”, buscando oferecer mais opções que atendam às preferências dos consumidores. James Quincey, CEO da Coca-Cola, afirmou durante uma teleconferência com investidores que a empresa está explorando diversas opções de adoçantes, reconhecendo a “entusiasmo” do presidente pela marca. O açúcar de cana já é utilizado em outros produtos da companhia, como chás, limonadas e Vitaminwater, e em mercados internacionais, como o México, onde a “Mexican Coke” ganhou popularidade nos EUA por seu sabor distintivo.
O anúncio ocorre em um momento em que a administração Trump, por meio da iniciativa “Make America Healthy Again” (MAHA), liderada pelo Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., pressiona empresas alimentícias a reformularem produtos para reduzir ingredientes como xarope de milho de alta frutose, associado por alguns a problemas de saúde como obesidade. Apesar disso, especialistas, como o cardiologista Dariush Mozaffarian, da Universidade Tufts, afirmam que o impacto nutricional do açúcar de cana e do xarope de milho é praticamente idêntico, ambos contendo cerca de 50% de frutose e glucose, com efeitos metabólicos semelhantes. A mudança, portanto, parece atender mais a preferências de sabor e à valorização de ingredientes naturais, além de apoiar os produtores americanos de cana-de-açúcar.
A decisão também tem implicações econômicas. A produção de xarope de milho, que consome cerca de 400 milhões de bushels de milho anualmente nos EUA, é subsidiada pelo governo, enquanto o açúcar de cana enfrenta tarifas de importação, tornando-o mais caro. A Associação dos Refinadores de Milho alertou que uma substituição total do xarope por açúcar de cana poderia custar milhares de empregos e reduzir a receita agrícola em até US$ 5,1 bilhões. No entanto, ao optar por adicionar a nova versão sem eliminar a fórmula atual, a Coca-Cola evita impactos significativos no setor agrícola, ao mesmo tempo que atende à demanda por produtos com apelo tradicional.O lançamento reflete uma tendência de mercado, com concorrentes como PepsiCo e Dr Pepper já oferecendo versões adoçadas com açúcar de cana desde 2009. A “Mexican Coke”, importada em garrafas de vidro, já é um sucesso entre consumidores americanos, especialmente em lojas como Costco e Target. A nova versão americana, com açúcar de cana local, promete reforçar a conexão com os valores tradicionais de produção doméstica, oferecendo um produto que ressoa com a nostalgia e a qualidade percebida de ingredientes naturais. A iniciativa também alinha-se com a visão de fortalecer a economia local, promovendo empregos e a agricultura nos estados produtores de cana.