A recente decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de impor medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a proibição de conceder entrevistas em redes sociais e o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, provocou uma reação contundente do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Durante uma coletiva de imprensa organizada pelo Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, em 21 de julho de 2025, Ferreira criticou as restrições impostas a Bolsonaro, afirmando que “nas próximas semanas, vamos elevar o nível desse jogo”. A declaração reflete a indignação de setores conservadores, que veem nas ações do STF uma tentativa de silenciar o ex-presidente e limitar a liberdade de expressão, enquanto mobilizam esforços para contestar o que consideram abusos judiciais.
As medidas cautelares, determinadas por Moraes em 18 de julho e reforçadas em 21 de julho, incluem recolhimento domiciliar noturno e integral nos fins de semana, proibição de contato com 177 pessoas, incluindo o deputado Eduardo Bolsonaro, e veto à participação em redes sociais, seja diretamente ou por terceiros. A decisão foi motivada por um vídeo publicado por Eduardo, no qual Bolsonaro exibe a tornozeleira eletrônica, chamando-a de “símbolo da máxima humilhação” durante um evento no Congresso. Moraes, que conduz investigações sobre suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, acusou Bolsonaro de descumprir as restrições ao falar com jornalistas, ameaçando-o com prisão preventiva caso a defesa não justificasse a conduta em 24 horas. A Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontaram que Bolsonaro e Eduardo teriam articulado com autoridades americanas, incluindo o presidente Donald Trump, para pressionar o STF, configurando crimes como coação, obstrução de Justiça e atentado à soberania.
Nikolas Ferreira, uma das principais vozes do PL, classificou as medidas como “preocupantes” e “antidemocráticas” em entrevista ao Metrópoles. Ele comparou a proibição de entrevistas a Bolsonaro com a liberdade concedida a criminosos como Fernandinho Beira-Mar e Marcola, que deram entrevistas mesmo presos, e questionou: “O Lula dava entrevista na cadeia… onde estão os defensores da democracia? Venezuela já é aqui.” Durante a coletiva, Ferreira anunciou a criação de três comissões pelo PL para coordenar a reação da oposição: uma para comunicação, liderada por Gustavo Gayer (PL-GO); outra para articulação no Congresso, sob comando de Cabo Gilberto (PL-PB); e uma terceira para ações externas, encabeçada por Rodolfo Nogueira (PL-MS) e Zé Trovão (PL-SC). A estratégia, segundo Ferreira, visa “dar voz ao ex-presidente” e combater o que ele chama de “perseguição política” orquestrada por Moraes.
A mobilização do PL, que reuniu mais de 50 deputados e dois senadores na Câmara, reflete o apoio de uma base conservadora que vê em Bolsonaro um símbolo de resistência contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o STF. Ferreira criticou a agilidade de Moraes em impor restrições a Bolsonaro, contrastando-a com a suposta leniência em casos como o rombo no INSS ou o crime organizado. Em vídeo publicado no X em 20 de julho, ele afirmou que “o Brasil não vive uma democracia”, acusando Moraes de desequilibrar a relação entre os Poderes com decisões monocráticas, que superam em mais que o dobro as de outros ministros, segundo dados citados pelo deputado. A retórica de Ferreira, que inclui a convocação de atos nacionais com o lema “Fora Lula e Moraes” para agosto, reforça a narrativa de que o STF age para proteger interesses políticos alinhados ao governo petista.
O embate ganhou proporções internacionais com o envolvimento de Trump, que denunciou as medidas contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e anunciou sanções, como a revogação de vistos de Moraes e outros ministros do STF, além de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A postura de Ferreira e do PL alinha-se a essa pressão externa, que busca destacar o que consideram violações à liberdade e à soberania popular no Brasil. A visita de Bolsonaro à Câmara, marcada por tumulto que resultou em uma mesa de vidro quebrada e um ferimento leve no rosto de Ferreira, atingido acidentalmente por um microfone, simbolizou a intensidade do confronto político. Apesar do incidente, Ferreira minimizou o ocorrido, reforçando sua determinação em “elevar o nível” da resistência contra as ações do STF, em defesa de valores como liberdade de expressão e independência institucional.