A recente movimentação de cerca de 400 comandantes do Hezbollah, grupo libanês classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, para países da América do Sul, incluindo Brasil, Venezuela, Colômbia e Equador, acendeu alertas sobre a segurança regional. Segundo informações do canal saudita Al Hadath, publicadas em 16 de abril de 2025, aproximadamente 200 membros já chegaram à região, fugindo do Líbano após a derrota do grupo em confrontos com Israel e temendo o desmantelamento de sua infraestrutura militar após o cessar-fogo de novembro de 2024. No Brasil, a atuação do Hezbollah na Tríplice Fronteira, entre Foz do Iguaçu (Brasil), Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina), tem sido associada a atividades ilícitas, incluindo supostas ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme apontado pelo especialista argentino em segurança Martín Verrier. Os Estados Unidos intensificaram esforços para desarticular essas redes, oferecendo uma recompensa de até US$ 10 milhões por informações que levem à interrupção das operações financeiras do grupo na região.
A Tríplice Fronteira, conhecida por sua porosidade e dificuldades de fiscalização, tem sido um ponto estratégico para o Hezbollah desde os anos 1980, segundo relatórios de inteligência. A região, que concentra uma grande comunidade de origem libanesa, é utilizada para atividades como lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, contrabando de carvão, petróleo, cigarros, produtos de luxo e diamantes, além de falsificação de documentos e dólares americanos. A Polícia Federal brasileira já identificou ligações entre o Hezbollah e o PCC, especialmente na figura de Elton Leonel Ruminich da Silva, conhecido como “Galã”, apontado como um dos principais operadores do PCC na fronteira com o Paraguai. Investigações indicam que o grupo libanês utiliza rotas controladas pela facção brasileira para o tráfico internacional de drogas, com operações que se estendem até o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Essas atividades, segundo o Departamento de Estado dos EUA, geram cerca de US$ 1 bilhão por ano para o Hezbollah, combinando apoio financeiro do Irã, negócios internacionais e redes criminosas.
A chegada de comandantes do Hezbollah à América do Sul, conforme relatado pela fonte diplomática citada pelo Al Hadath, é vista como uma tentativa de preservar a estrutura operacional do grupo em meio às pressões sofridas no Oriente Médio. O especialista Verrier, em análises publicadas pelo Buenos Aires Times, destaca que a Tríplice Fronteira funciona como um “miniestado” que beneficia uma elite corrupta, servindo como um centro eficiente para lavagem de dinheiro e atividades de grupos terroristas. Ele aponta que a permissividade de governos locais, incluindo o do Brasil sob a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, facilita a consolidação dessas redes. Críticos conservadores argumentam que a falta de medidas rigorosas contra o crime organizado e a aproximação diplomática do governo brasileiro com regimes como o da Venezuela, aliado do Irã, criam um ambiente propício para a expansão de grupos como o Hezbollah. Essa percepção é reforçada por posts em redes sociais, onde brasileiros expressam preocupação com a segurança nacional, questionando a inação do governo diante de tais ameaças.
Os Estados Unidos, por meio do programa Rewards for Justice, intensificaram a pressão sobre as operações do Hezbollah na região, oferecendo a recompensa de US$ 10 milhões anunciada em 19 de maio de 2025. A iniciativa visa identificar fontes de receita, facilitadores financeiros e empresas de fachada que sustentam o grupo. Ações anteriores, como a prisão de dois suspeitos de planejar ataques contra alvos judaicos no Brasil em novembro de 2023, com apoio da inteligência israelense (Mossad), mostram que a ameaça é concreta. O envolvimento do Hezbollah em atentados históricos, como o ataque à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em 1994, que deixou 85 mortos em Buenos Aires, reforça a gravidade da situação. A falta de cooperação efetiva de alguns governos sul-americanos, incluindo o Brasil, na visão de analistas, agrava o desafio de combater essas redes transnacionais.
A presença do Hezbollah na Tríplice Fronteira, aliada ao PCC, levanta preocupações sobre a segurança não apenas do Brasil, mas de todo o continente. A porosidade das fronteiras, a corrupção sistêmica e a ausência de políticas robustas para conter o avanço de grupos criminosos e terroristas criam um cenário de vulnerabilidade. A mobilização de comandantes do Hezbollah para a América do Sul, segundo fontes, é um indicativo de que a região pode estar sendo usada como um refúgio estratégico, aproveitando a fragilidade de controles locais. A pressão internacional, liderada pelos EUA, busca desmantelar essas redes, mas a falta de ações decisivas por parte do governo brasileiro, criticado por sua postura leniente, é apontada como um obstáculo significativo para a segurança regional.