A pesquisa mais recente do IFOP, publicada pelo Journal du Dimanche em 20 de julho de 2025, revelou que Emmanuel Macron alcançou o menor índice de aprovação de um presidente desde a fundação da Quinta República, em 1958, com apenas 19% dos franceses satisfeitos com sua liderança, enquanto 81% expressam reprovação, sendo 48% de forte descontentamento. O primeiro-ministro François Bayrou, nomeado em dezembro de 2024, também enfrenta um recorde de impopularidade, com apenas 18% de aprovação, superando o índice de Édith Cresson, que em 1991 registrou 22%. Esses números refletem uma profunda insatisfação com a gestão do governo, especialmente em relação a políticas econômicas, segurança pública e imigração, que críticos associam a um aumento da influência islâmica no país.
Macron, que assumiu a presidência em 2017 com promessas de reformar a economia e modernizar a França, enfrenta agora um cenário de crise política e social. A pesquisa aponta que o descontentamento é particularmente elevado entre trabalhadores do setor privado (80% de reprovação), eleitores socialistas (+21 pontos de insatisfação) e moradores de áreas rurais (+13 pontos). A percepção de que Macron está desconectado das preocupações do povo, agravada por decisões como o aumento da CSG (Contribuição Social Generalizada) e debates sobre a carga tributária para aposentados, tem erodido sua base de apoio. A nomeação de Bayrou, que prometia diálogo e reformas, não conseguiu reverter a tendência, com 75% dos franceses insatisfeitos com seu desempenho, especialmente entre os eleitores do partido Renaissance (+10 pontos de reprovação).
Um dos pontos mais sensíveis da crítica ao governo Macron é a política de imigração, que muitos franceses associam a uma deterioração da segurança e da identidade nacional. A França, que abriga a maior população muçulmana da Europa (cerca de 5,7 milhões, segundo estimativas do Pew Research Center de 2020), enfrenta tensões crescentes devido a incidentes de violência e à percepção de que o governo falhou em promover a integração de imigrantes. Após os atentados de Paris em 2015, que deixaram 130 mortos, o risco de terrorismo islâmico permanece uma preocupação, com posts nas redes sociais apontando que Macron “importa mais islamistas” e “recusa proibir grupos como os Irmãos Muçulmanos”. A violência urbana, como os distúrbios de 2023 após a morte de Nahel Merzouk, e a crescente influência de guetos onde a sharia é aplicada informalmente alimentam a narrativa de uma “islamização” da França, um termo usado por setores conservadores para criticar a política migratória permissiva.
A gestão de Macron também é criticada por decisões econômicas que agravaram a desigualdade. A dívida pública francesa atingiu 110% do PIB em 2024, segundo o Banco de França, enquanto a inflação e o aumento do custo de vida pressionam a classe média e os mais pobres. A percepção de que serviços públicos, como saúde e educação, estão em declínio, somada à alta de impostos, reforça a imagem de um governo elitista. Bayrou, apesar de sua experiência como líder do MoDem, não conseguiu reverter essa desconfiança, com apenas 29% dos franceses acreditando em sua capacidade de reformar o país, conforme o IFOP. A crise política se intensificou após a moção de censura que derrubou o governo de Michel Barnier em dezembro de 2024, deixando Macron sem maioria clara na Assembleia Nacional.
Setores conservadores, que ganharam força com o crescimento do Rassemblement National de Marine Le Pen, acusam Macron de priorizar agendas globalistas em detrimento dos interesses franceses. A insistência em políticas de abertura migratória, vista como uma ameaça à coesão cultural, e o apoio a sanções contra a Rússia, que elevaram os custos de energia, são alvos frequentes de críticas. A pesquisa IFOP reflete um momento de ruptura, com os franceses demandando liderança que respeite valores tradicionais e enfrente os desafios de segurança e identidade. A impopularidade recorde de Macron e Bayrou sinaliza um desejo por mudanças profundas, enquanto a França se prepara para as eleições presidenciais de 2027, onde Macron não poderá concorrer a um terceiro mandato.