A União Europeia anunciou, em 18 de julho de 2025, seu 18º pacote de sanções contra a Rússia, em resposta à continuidade do conflito na Ucrânia. Pela primeira vez, o bloco incluiu instituições financeiras chinesas entre os alvos, acusando-as de facilitar transações que ajudariam Moscou a contornar as medidas restritivas impostas desde 2022. A decisão marca uma escalada na estratégia da UE, que agora mira diretamente entidades de países terceiros suspeitas de apoiar a economia russa, em especial no setor financeiro. A China, por sua vez, reagiu com críticas, afirmando que se opõe a sanções unilaterais sem base no direito internacional e prometendo proteger os interesses de suas empresas.
O pacote de sanções abrange dois bancos regionais chineses localizados próximos à fronteira com a Rússia, acusados de atuar como intermediários em transações que driblam as restrições ocidentais. Além disso, mais de 20 bancos russos e o Fundo Russo de Investimento Direto foram adicionados à lista de entidades sancionadas, com acesso bloqueado a sistemas financeiros internacionais, como o SWIFT. A UE também reduziu o teto de preço para o petróleo russo exportado, de US$ 60 para cerca de US$ 47,60 por barril, com revisões trimestrais, visando limitar as receitas do Kremlin. Outra medida significativa foi a inclusão de 105 navios russos, parte da chamada “frota fantasma”, usados para transportar petróleo e contornar sanções, elevando o total de embarcações bloqueadas para mais de 400.
A iniciativa da UE ocorre em um momento de tensões crescentes com a China, especialmente às vésperas de uma cúpula bilateral. Pequim, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, reiterou que não fornece armas letais a nenhuma das partes no conflito ucraniano e classificou as sanções como uma violação do direito internacional. O porta-voz Lin Jian destacou que a China tomará medidas para proteger os direitos de suas empresas, sugerindo possíveis retaliações. Essa postura reflete a delicada relação comercial entre a UE e a China, considerando que a China é o maior parceiro comercial do bloco em termos de mercadorias.
A decisão de sancionar bancos chineses é vista como um passo ousado, que pode gerar impactos econômicos e diplomáticos significativos. A UE busca reforçar a eficácia de suas sanções, fechando brechas que permitem à Rússia manter fluxos financeiros e comerciais por meio de países terceiros. No entanto, a medida também levanta preocupações sobre possíveis reações de Pequim, que poderiam afetar as cadeias de suprimento globais e as relações comerciais com a Europa. Especialistas apontam que, embora as sanções sejam um instrumento para pressionar a Rússia, sua aplicação a entidades chinesas pode complicar o equilíbrio geopolítico, especialmente em um momento em que potências como os Estados Unidos também intensificam medidas contra Moscou.
O novo pacote de sanções também reflete a determinação da UE em manter sua posição de apoio à Ucrânia, mesmo diante de iniciativas paralelas, como as negociações entre os Estados Unidos e a Rússia. A redução do teto de preço do petróleo e o bloqueio de navios russos visam minar a capacidade financeira do Kremlin de sustentar o conflito, enquanto as sanções a bancos chineses sinalizam uma abordagem mais ampla para combater a evasão de medidas restritivas. A história recente mostra que sanções econômicas podem ter efeitos duradouros, mas também exigem coordenação internacional para evitar que países terceiros preencham as lacunas deixadas pelas restrições.