O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou na quinta-feira, 17 de julho de 2025, uma carta aberta ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, manifestando solidariedade e classificando o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) como uma ação de um “sistema injusto”. A mensagem, divulgada por meio da rede social Truth Social, reflete a visão de Trump de que as acusações contra Bolsonaro, relacionadas a uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, carecem de legitimidade e devem ser encerradas imediatamente. Na carta, Trump elogia Bolsonaro, destacando-o como um “líder altamente respeitado e forte” que, segundo ele, serviu bem ao Brasil. Ele afirma que não se surpreende com a popularidade de Bolsonaro, embora pesquisas recentes, como as publicadas pelo jornal Estado de Minas, indiquem que o ex-presidente aparece atrás de Luiz Inácio Lula da Silva em cenários eleitorais, estando inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Trump também expressa preocupação com o que descreve como “ataques à liberdade de expressão” no Brasil, criticando decisões do STF, especialmente aquelas relacionadas a plataformas digitais americanas, como a remoção de conteúdos e bloqueio de perfis em investigações envolvendo Bolsonaro e seus aliados.
O presidente americano vincula sua desaprovação ao governo brasileiro à recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, anunciada em 9 de julho de 2025. Ele sugere que a medida é, em parte, uma resposta ao tratamento dado a Bolsonaro e às ações judiciais que, na sua visão, restringem a liberdade de expressão. Trump conclui a carta com um tom de advertência, afirmando que “estará observando de perto” as decisões do governo brasileiro e espera que o país “pare de atacar opositores políticos” e encerre o que chama de “regime de censura”.
Bolsonaro respondeu à carta com um vídeo publicado em suas redes sociais, no qual agradece o apoio de Trump e reitera a narrativa de que o processo contra ele no STF seria uma tentativa de “alijar a maior liderança de direita da América do Sul” do cenário político. Ele classificou as acusações de tentativa de golpe como uma “aberração jurídica” e defendeu que sua ausência do Brasil durante os eventos investigados, em 8 de janeiro de 2023, reforça a falta de fundamento das acusações.
A carta de Trump gerou reações no Brasil. O presidente Lula, em entrevista à CNN Internacional no mesmo dia, criticou a interferência de Trump, afirmando que “ele não foi eleito para ser imperador do mundo” e defendendo a independência do Judiciário brasileiro. Lula classificou as tarifas americanas como “chantagem inaceitável” e destacou que o Brasil respeita o devido processo legal. O governo brasileiro já sinalizou que pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as medidas tarifárias.
O julgamento no STF, que está na fase de alegações finais sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, envolve acusações graves contra Bolsonaro e outros réus, incluindo tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e danos ao patrimônio público. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação do ex-presidente, com penas que, se somadas, podem ultrapassar 40 anos de prisão. Até o momento, 497 pessoas foram condenadas pelo STF em processos relacionados aos eventos de 8 de janeiro de 2023, enquanto oito foram absolvidas.
A manifestação de Trump reflete uma visão crítica às instituições brasileiras, alinhada a uma perspectiva que valoriza a soberania popular e questiona a atuação de órgãos judiciais em contextos políticos. A carta, embora sem peso legal para interferir no Judiciário brasileiro, intensifica o debate sobre a relação entre Brasil e Estados Unidos e a politização de processos judiciais no país.