Na manhã de 18 de julho de 2025, a Polícia Federal realizou uma operação em Brasília, cumprindo mandados de busca e apreensão na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), localizada no bairro Jardim Botânico, e no escritório mantido por ele na sede do Partido Liberal (PL). A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, faz parte do inquérito PET nº 14129, que investiga supostos crimes como coação no curso do processo, obstrução à Justiça e atentado à soberania nacional. Durante a operação, foram apreendidos cerca de US$ 14 mil (aproximadamente R$ 77,7 mil), R$ 8 mil em espécie, o celular de Bolsonaro e um pendrive encontrado em um banheiro, que será submetido a perícia.
Por determinação judicial, Bolsonaro foi submetido a medidas cautelares rigorosas, incluindo o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica com monitoramento 24 horas, recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h, incluindo fins de semana), proibição de acessar redes sociais e restrição de contato com embaixadores, diplomatas estrangeiros e outros investigados, incluindo seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). As medidas, segundo o STF, visam garantir a segurança do processo judicial e evitar riscos como uma possível fuga do país, apontada pelos investigadores devido a articulações internacionais atribuídas ao ex-presidente e seus aliados.
A operação ocorre em um contexto de alta tensão política, com o STF intensificando investigações sobre supostas tentativas de desestabilização das instituições democráticas após as eleições de 2022. A defesa de Bolsonaro, representada pelo advogado Celso Vilardi, expressou “surpresa e indignação” com as medidas, afirmando que o ex-presidente sempre esteve à disposição das autoridades e que aguarda acesso à íntegra da decisão para se manifestar. O Partido Liberal, por meio de nota assinada pelo presidente Valdemar Costa Neto, classificou a ação como “desproporcional”, questionando a necessidade das restrições diante da cooperação de Bolsonaro com as investigações.
A imposição da tornozeleira eletrônica e a proibição de acesso às redes sociais, onde Bolsonaro mantém uma forte base de apoio, geraram reações entre aliados, que veem as medidas como um cerceamento à liberdade de expressão e à atuação política do ex-presidente. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, comparou a situação a um “símbolo de ódio” e pediu apoio ao pai, enquanto o PL reafirmou confiança no compromisso de Bolsonaro com o Estado Democrático de Direito. Por outro lado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a PF justificam as medidas com base em indícios de que Bolsonaro e aliados, como Eduardo Bolsonaro, teriam buscado apoio nos Estados Unidos para pressionar autoridades brasileiras, incluindo sanções econômicas contra o STF.
O caso também ganhou repercussão internacional, com destaque na imprensa estrangeira, como CNN, Reuters e Bloomberg, que noticiaram as restrições judiciais e o risco de até 43 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe de Estado. A operação reflete o embate entre a defesa da soberania nacional e a busca por responsabilização judicial, um tema que continua a dividir opiniões no Brasil. Enquanto as investigações avançam, com julgamento previsto para o final de agosto ou início de setembro, o cenário político permanece marcado por debates sobre os limites do poder judiciário e a proteção das instituições democráticas.