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OTAN Alerta Brasil sobre Tarifas de 100% em Resposta ao Comércio com a Rússia

Em 15 de julho de 2025, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, emitiu um alerta contundente a Brasil, China e Índia, destacando que os países do BRICS que mantiverem relações comerciais com a Rússia, especialmente na compra de petróleo e gás, podem enfrentar tarifas de 100% sobre suas exportações para os Estados Unidos. A declaração, feita durante uma reunião com senadores americanos no Capitólio, reforça a ameaça do presidente Donald Trump, que, no dia anterior, anunciou a possibilidade de impor “tarifas secundárias” caso a Rússia não chegue a um acordo de paz na Ucrânia dentro de 50 dias. A medida, apoiada por 85 senadores dos EUA, visa isolar economicamente a Rússia, coibir o financiamento de sua campanha militar e proteger a segurança global, alinhando-se aos interesses estratégicos da OTAN e dos Estados Unidos.

Rutte, respaldado pela posição de Trump, enfatizou a urgência de pressionar Moscou para negociações sérias de cessar-fogo. “Se você é o presidente do Brasil, da China ou o primeiro-ministro da Índia e continua comprando petróleo russo, saiba que isso pode custar caro. Façam a ligação para Putin e digam que ele precisa levar a paz a sério”, declarou Rutte, segundo a Reuters. A ameaça de tarifas secundárias, que penalizariam países por negociar com a Rússia, reflete uma estratégia robusta para enfraquecer a economia russa, que depende fortemente das exportações de energia. Dados do Centro de Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo indicam que, em maio de 2025, a Índia foi o segundo maior comprador de combustíveis fósseis russos, enquanto o Brasil importa quantidades significativas de diesel e fertilizantes, cruciais para seu agronegócio, responsável por exportações de soja, açúcar e café.

A posição da OTAN é vista como uma resposta necessária ao papel do Brasil e de outros países do BRICS em sustentar a economia russa, que, apesar de sanções ocidentais, encontrou mercados alternativos para seus produtos. O comércio Brasil-Rússia, que atingiu cerca de US$ 8 bilhões em 2024, segundo o Ministério da Economia, inclui fertilizantes essenciais para a agricultura brasileira, mas também contribui indiretamente para o financiamento da guerra na Ucrânia. A OTAN argumenta que, ao manter essas transações, países como o Brasil prolongam o conflito, comprometendo a estabilidade global. A ameaça de tarifas de 100% é, portanto, uma medida para incentivar nações a priorizarem parcerias com o Ocidente, alinhando-se aos princípios de segurança coletiva defendidos pela aliança.

No Brasil, a advertência gerou reações mistas. Parlamentares da oposição, como o senador Eduardo Girão (Novo-CE), defenderam que o país deve rever sua política externa para evitar retaliações econômicas. “Não podemos nos alinhar a regimes que desafiam a ordem internacional e esperar que isso não tenha consequências”, afirmou Girão em 16 de julho. A medida da OTAN, apoiada por uma coalizão bipartidária nos EUA, incluindo senadores como Lindsey Graham e Richard Blumenthal, é vista como um passo firme para pressionar nações a escolherem entre a cooperação com o Ocidente ou o apoio a um regime que viola normas internacionais. Graham destacou que “as tarifas são o martelo definitivo para acabar com a máquina de guerra de Putin”.

Críticos, incluindo o governo brasileiro, argumentam que as tarifas representam uma forma de coerção econômica. O Itamaraty, em nota publicada em 16 de julho, afirmou que “o Brasil é uma nação soberana e conduz sua política externa com base em seus interesses nacionais”. No entanto, a dependência do Brasil do mercado americano, que absorve 11,4% de suas exportações, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), torna a ameaça de tarifas uma preocupação significativa. Setores como o agronegócio, que já enfrenta tarifas de 50% impostas por Trump em 1º de agosto, poderiam sofrer ainda mais, impactando a economia nacional.

A OTAN, ao apoiar as tarifas, reforça sua missão de promover a segurança coletiva e conter ameaças globais, como a agressão russa na Ucrânia. A aliança, que anunciou o envio de mísseis Patriot à Ucrânia financiados por seus membros, busca garantir que países do BRICS não minem os esforços ocidentais para isolar Moscou. A pressão sobre o Brasil, embora controversa, é vista como um chamado à responsabilidade em um momento de tensões globais, onde a escolha de parceiros comerciais pode ter implicações estratégicas e econômicas de longo alcance.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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