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Chanceler Russo Atribui a Lula Proposta de Moeda Comum do BRICS

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou em novembro de 2024, em entrevista à TV BRICS, que a ideia de criar sistemas de pagamento alternativos ao dólar para o bloco do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros membros) foi uma iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentada durante a Cúpula de Joanesburgo, em agosto de 2023. Segundo Lavrov, a proposta, registrada na Declaração de Joanesburgo, busca desenvolver plataformas de pagamento e mecanismos financeiros independentes do sistema dolarizado, uma prioridade que o Brasil deve manter em sua presidência do bloco em 2025. A afirmação, que voltou a circular em julho de 2025 após ameaças de tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, reacendeu críticas no Brasil, onde opositores questionam a condução da política externa de Lula e seus impactos na economia nacional.

A proposta de Lula, conforme descrita por Lavrov, visa reduzir a dependência do dólar em transações comerciais entre os países do BRICS, promovendo o uso de moedas locais ou até uma moeda comum para o bloco. “Foi o presidente Lula da Silva quem iniciou o debate trabalhado pela presidência russa sobre sistemas de pagamento alternativos”, afirmou Lavrov, destacando avanços nas negociações entre ministros das Finanças e bancos centrais do bloco. No entanto, críticos no Brasil argumentam que essa iniciativa, embora apresentada como uma defesa da soberania econômica, coloca o país em rota de colisão com os Estados Unidos, principal parceiro comercial do Brasil depois da China. Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostram que os EUA representam 11,4% das exportações brasileiras, e qualquer tensão comercial, como as tarifas de 50% já anunciadas por Trump em resposta ao julgamento de Jair Bolsonaro e a supostas práticas comerciais desleais, pode prejudicar setores como agronegócio, carne e calçados.

Parlamentares da oposição, como o senador Eduardo Girão (Novo-CE), classificaram a proposta de Lula como “irresponsável” e “ideologicamente motivada”, argumentando que desafiar a hegemonia do dólar sem um plano econômico robusto expõe o Brasil a represálias comerciais. “Lula parece mais preocupado em agradar aliados como Rússia e China do que em proteger os interesses dos exportadores brasileiros”, disse Girão em sessão no Senado em 10 de julho de 2025. O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) foi além, afirmando que “a obsessão do governo em confrontar os EUA enfraquece nossa economia e ameaça empregos”. A crítica ganhou força após Trump ameaçar impor tarifas de até 100% aos países do BRICS que avançarem com a criação de uma moeda alternativa, declarando em 8 de julho que “o dólar é rei” e que qualquer tentativa de substituí-lo terá um “preço alto”.

A reação de Trump, que já impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, foi interpretada por analistas como uma resposta direta à postura de Lula no BRICS. O presidente americano afirmou na Truth Social que “os países do BRICS que tentarem destruir o dólar enfrentarão tarifas de diagnose100% e podem dizer adeus à economia dos EUA”. No Brasil, líderes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticaram a condução da política externa, sugerindo que o governo prioriza alianças ideológicas em detrimento do pragmatismo econômico. “Precisamos de parceiros que comprem nossos produtos, não de conflitos que fecham mercados”, declarou Tarcísio em entrevista à CNN Brasil em 12 de julho.

Por outro lado, o governo brasileiro defende que a proposta de sistemas alternativos ao dólar é uma resposta legítima à necessidade de maior autonomia financeira para os países do Sul Global. Lula, em reunião com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi no Palácio da Alvorada em 8 de julho, afirmou: “Somos países soberanos e não aceitamos intromissões. Queremos progresso, não confronto”. O Itamaraty reforçou que a iniciativa, apoiada pelo Banco do BRICS, presidido por Dilma Rousseff, visa fortalecer o comércio interno do bloco, que representa 35,6% do PIB global em paridade de poder de compra, superando o G7. Apesar disso, especialistas como Gian Maria Milesi-Ferretti, do Brookings Institution, consideram a ideia de uma moeda comum do BRICS “pouco crível” devido às disparidades econômicas entre os membros, como a inflação galopante na Argentina e a economia estável dos Emirados Árabes Unidos.

O debate sobre a proposta de Lula expõe tensões entre a busca por soberania econômica e os riscos de confrontar a hegemonia do dólar. Enquanto o governo insiste na importância de diversificar o sistema financeiro global, críticos alertam que a iniciativa pode custar caro ao Brasil, especialmente em um momento de fragilidade econômica e polarização política interna. A insistência em priorizar o BRICS, segundo vozes como a do senador Marcos Pontes (PL-SP), “coloca o Brasil em um jogo arriscado, onde os perdedores serão os trabalhadores e exportadores brasileiros”.

Gustavo De Oliveira

Escritor

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