A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta urgente em 2 de julho de 2025, destacando que gangues criminosas controlam aproximadamente 90% de Porto Príncipe, capital do Haiti, em uma escalada de violência que ameaça levar o país ao “colapso total” da autoridade estatal. A deterioração da segurança, intensificada desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021 e a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry em 2024, permitiu que grupos armados, como a coalizão Viv Ansanm liderada por Jimmy “Barbecue” Chérizier, consolidassem seu domínio, estabelecendo estruturas paralelas de governança e controlando serviços básicos, rotas comerciais e até mesmo a vida cotidiana dos cidadãos. A situação reflete a necessidade urgente de uma resposta internacional robusta para restaurar a ordem e proteger os valores de estabilidade e segurança que são essenciais para qualquer nação soberana.A violência das gangues, que já controlavam 85% da capital em relatórios anteriores, expandiu-se para áreas antes pacíficas, como o sul do Haiti e rotas de fronteira como Belladere e Malpasse.
Miroslav Jenca, subsecretário-geral da ONU, destacou a “erosão profunda da autoridade do Estado e do império da lei”, com gangues impondo regras próprias, cobrando pedágios e até oferecendo serviços rudimentares à população. A ONU registrou 5.626 mortes e 2.213 feridos em 2024, incluindo massacres como os de Wharf Jérémie (207 mortos) e Pont Sondé (170 mortos). Além disso, denúncias alarmantes apontam para o aumento de crimes hediondos, como tráfico de pessoas para extração de órgãos, com relatos envolvendo um centro médico em Petion-Ville e um hospital no norte do país.
A crise humanitária é agravada pelo deslocamento interno de 1,3 milhão de pessoas, muitas vivendo em abrigos improvisados sem acesso a água, comida ou proteção. A violência sexual, usada como arma de intimidação, também disparou, com 364 incidentes documentados entre março e abril de 2025, afetando 378 sobreviventes, incluindo crianças. A Polícia Nacional Haitiana, enfraquecida por demissões em massa (1.663 agentes em 2023) e acusada de 281 execuções extrajudiciais em 2024, não consegue conter as gangues, que possuem armamento superior, incluindo fuzis AK47 e AR15, obtidos apesar do embargo de armas da ONU. A Missão Multinacional de Segurança (MMAS), liderada pelo Quênia, com apenas 1.000 dos 2.500 policiais planejados, também falhou em restaurar a ordem.
A ausência de um Estado funcional permitiu que gangues explorassem o vácuo de poder, agravado pela instabilidade política após a renúncia de Henry e a criação de um frágil conselho de transição, que enfrenta dificuldades para organizar eleições até fevereiro de 2026. Enquanto isso, grupos de vigilantes, como o movimento Bwa Kalé, surgiram como resposta, mas muitos reproduzem abusos, incluindo execuções sumárias, confundindo-se com as próprias gangues. A ONU, por meio de Jenca e Ghada Waly, do Escritório sobre Drogas e Crime, clama por uma ação internacional mais incisiva, incluindo apoio logístico à missão queniana, para evitar um colapso irreversível. A situação no Haiti sublinha a importância de proteger a soberania nacional e a ordem pública, valores que, quando negligenciados, abrem espaço para o caos e a violência que destroem comunidades.