Em 9 de julho de 2025, um idoso espanhol de 68 anos, conhecido localmente como Domingo, foi vítima de uma agressão brutal por três jovens de origem marroquina em Torre-Pacheco, na região de Múrcia, Espanha. O incidente, ocorrido nas proximidades de um cemitério, foi gravado e disseminado pelas redes sociais, provocando uma onda de indignação em todo o país. O vídeo mostra o pensionista sendo atacado com socos e pontapés, sem qualquer indício de tentativa de roubo, sugerindo que a violência pode estar associada a um desafio viral conhecido como “happy slapping”, prática em que agressões são filmadas para obter atenção online. A revolta gerada pelo ataque culminou em protestos e confrontos nas noites de 11 e 12 de julho, com moradores locais, muitos dos quais se autodenominam defensores de suas comunidades, enfrentando grupos de imigrantes, majoritariamente marroquinos, em um município onde cerca de 30% dos 42.000 habitantes são estrangeiros.
A população de Torre-Pacheco, frustrada com o que percebe como inação das autoridades policiais e políticas, organizou manifestações para exigir maior segurança. Embora uma marcha inicial, convocada pela prefeitura, tivesse como objetivo ser pacífica, a presença de indivíduos portando objetos como bastões e garrafas intensificou as tensões, resultando em pelo menos cinco feridos e oito detenções, incluindo dois jovens marroquinos acusados de envolvimento indireto na agressão ao idoso, por terem gravado e incentivado o ataque. A polícia, com um reforço de mais de 75 agentes, incluindo unidades da Guardia Civil e antimotim, conseguiu conter novos episódios de violência na noite de 13 de julho, mas o clima de medo persiste. Lojas fecharam, e muitas famílias, especialmente de origem marroquina, optaram por manter seus filhos em casa ou até deixar temporariamente a cidade.
O incidente expôs as falhas nas políticas de imigração e integração da Espanha, especialmente em uma região como Múrcia, onde a economia agrícola depende fortemente da mão de obra migrante. Aproximadamente um terço dos habitantes de Torre-Pacheco é de origem estrangeira, muitos trabalhando em condições precárias no setor agrícola. A falta de programas eficazes de integração, aliada à percepção de leniência com a imigração irregular, tem alimentado o descontentamento entre os moradores locais, que sentem que a segurança e a coesão social estão ameaçadas. Incidentes históricos, como os protestos anti-imigração em El Ejido em 2000, após assassinatos cometidos por imigrantes, indicam que tais tensões não são novidade, mas a ausência de soluções estruturais sugere um risco de escalada.
A resposta da comunidade de Torre-Pacheco reflete um desejo compreensível de proteger os mais vulneráveis, como idosos, e de preservar a segurança nas ruas. Moradores locais, muitos dos quais se veem como defensores de seus valores e modo de vida, organizaram patrulhas para monitorar os bairros, uma iniciativa que, embora controversa, demonstra a determinação de assegurar a ordem onde as instituições parecem falhar. O prefeito Pedro Ángel Roca, do Partido Popular, condenou a violência, mas reconheceu a frustração da população, enquanto o presidente regional, Fernando López Miras, prometeu que os responsáveis pelo ataque enfrentarão a justiça. No entanto, a circulação de mensagens inflamadas nas redes sociais, incluindo apelos à “justiça pelas próprias mãos”, tem complicado os esforços para restaurar a calma.
A situação em Torre-Pacheco destaca um desafio maior: equilibrar a necessidade de integração de comunidades migrantes com a preservação da segurança e da identidade local. Enquanto a polícia intensifica investigações para identificar os agressores, a população exige ações concretas para evitar que episódios de violência, como o sofrido por Domingo, se repitam. A mobilização dos moradores reflete não apenas a indignação com o crime, mas também um apelo por políticas que respeitem tanto os direitos dos cidadãos quanto a dignidade dos trabalhadores migrantes que sustentam a economia local.