O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em 9 de julho de 2025 a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações provenientes do Brasil, a partir de 1º de agosto. Em uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicada em sua plataforma Truth Social, Trump justificou a medida como uma resposta ao que ele descreve como um “relacionamento comercial injusto” e à “perseguição” do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “O Brasil não tem sido bom para nós, não mesmo”, afirmou Trump durante um evento com líderes da África Ocidental na Casa Branca, enfatizando que a tarifa visa corrigir desequilíbrios comerciais e proteger os interesses americanos.
A decisão de Trump também inclui uma advertência aos países membros do BRICS – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros, como Egito, Etiópia, Indonésia, Irã e Emirados Árabes Unidos. No domingo, 6 de julho, ele anunciou que qualquer nação alinhada com o que chama de “políticas antiamericanas” do BRICS enfrentará uma tarifa adicional de 10%. “O BRICS foi criado para prejudicar os EUA e desvalorizar o dólar”, declarou Trump, prometendo usar sua autoridade para garantir que o dólar americano mantenha sua posição como moeda de reserva global. Ele criticou a recente cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, onde líderes do bloco condenaram tarifas unilaterais e ataques militares, em uma aparente referência às políticas dos EUA e de Israel.
A tarifa de 50% sobre o Brasil, um salto significativo em relação aos 10% impostos em abril, reflete a visão de Trump de que o país tem adotado práticas comerciais desleais e atacado empresas americanas de tecnologia, como a Trump Media & Technology Group e a Rumble, por meio de ordens judiciais do STF. Ele também acusou o Brasil de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, a quem descreveu como um “líder altamente respeitado” durante seu mandato. “Essa perseguição é uma desgraça internacional e deve acabar imediatamente”, escreveu Trump, sugerindo que a tarifa poderia ser suspensa caso o Brasil incentivasse empresas a produzir nos EUA.
O Brasil, segundo maior parceiro comercial dos EUA após a China, exportou cerca de US$ 42 bilhões em bens para os Estados Unidos em 2024, incluindo café, aço, petróleo e peças de aviação. A tarifa ameaça impactar significativamente a economia brasileira, com o real desvalorizando mais de 2% frente ao dólar após o anúncio. Dados do U.S. Census Bureau mostram que os EUA mantêm um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil, o que contradiz a alegação de Trump de déficits comerciais insustentáveis. Apesar disso, a medida reflete a estratégia de Trump de usar tarifas como ferramenta de pressão política e econômica, visando proteger os interesses nacionais e fortalecer a indústria americana.
A resposta do Brasil veio rapidamente. Lula classificou as tarifas como uma tentativa de interferência na soberania brasileira, afirmando que “o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Ele anunciou que o governo retaliará com medidas recíprocas, conforme autorizado pela Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril de 2025. A postura de Trump, que combina pressões econômicas com críticas ao BRICS, reforça sua agenda “America First”, que prioriza a soberania econômica dos EUA e a resistência a blocos que desafiem sua hegemonia global.