Por Carol Magalhães | Especialista em Estratégias de Proteção e Crescimento
A educação brasileira deu um importante passo rumo à formação de cidadãos mais conscientes e preparados para o futuro. Aprovada recentemente, a PL 2979/23, que torna obrigatória a inclusão da educação financeira nos currículos do ensino fundamental e médio, promete impactar positivamente a vida de milhões de estudantes em todo o país.
A nova lei altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e prevê que temas como planejamento financeiro, consumo consciente, uso do crédito, poupança, investimentos, orçamento doméstico e noções de economia passem a fazer parte do cotidiano escolar.
Segundo especialistas, a medida é um avanço significativo para a formação de jovens mais preparados para enfrentar os desafios da vida adulta. Em um país onde a maior parte da população enfrenta dificuldades para manter o equilíbrio financeiro, o ensino de finanças desde cedo pode ser uma ferramenta poderosa para quebrar ciclos de endividamento, estimular o empreendedorismo e fortalecer a cidadania.
“A educação financeira desenvolve o pensamento crítico, o planejamento de vida e a responsabilidade com o dinheiro. Isso reflete não só no bolso, mas na saúde mental e nas relações familiares”, afirma a economista e educadora Vera Lúcia Mendes.
A proposta também tem potencial para reduzir desigualdades sociais, ao democratizar o acesso a conhecimentos que, historicamente, estiveram restritos a famílias com maior poder aquisitivo. Com a inclusão no currículo escolar, todos os alunos, independentemente da origem socioeconômica, terão acesso às mesmas oportunidades de aprender a lidar com o dinheiro de forma inteligente.
Além disso, em um mundo cada vez mais digital e dinâmico, onde aplicativos de pagamento, cartões e crédito fácil fazem parte do dia a dia, saber lidar com armadilhas financeiras e tomar decisões conscientes se torna uma questão de sobrevivência — e não apenas de conveniência.
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para os desafios da aplicação efetiva da nova lei. A formação dos professores, a adaptação dos materiais didáticos e a integração com outras disciplinas exigem investimentos e planejamento.
“Não basta inserir um conteúdo pronto. É preciso que os educadores estejam preparados para trabalhar o tema de forma transversal, conectando com matemática, geografia, história e até filosofia”, explica o professor de educação básica Carlos Henrique Souza.
A aprovação da PL 2979/23 representa um marco para a educação brasileira. Mais do que ensinar sobre dinheiro, a proposta visa formar cidadãos conscientes, autônomos e capazes de construir um futuro financeiro mais equilibrado, tanto em nível individual quanto coletivo.
Com a nova lei, o Brasil se junta a um movimento global que reconhece a educação financeira como um direito fundamental, essencial para o desenvolvimento humano e social. Agora, o desafio é transformar o texto da lei em prática nas salas de aula — e, com isso, construir uma geração mais preparada para os desafios da vida real.