O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em 27 de junho de 2025 que suspendeu planos de aliviar sanções econômicas contra o Irã, decisão motivada por declarações do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei. Em um discurso televisionado, Khamenei afirmou que o Irã venceu a recente guerra de 12 dias contra Israel e que havia dado um “tapa na cara” dos Estados Unidos com um ataque a uma base militar americana no Catar. As falas, interpretadas como desafiadoras, levaram Trump a interromper negociações que poderiam facilitar a recuperação econômica iraniana, mantendo a política de pressão máxima sobre o país.
No dia 26 de junho, Khamenei, falando de um local não revelado, celebrou o que classificou como uma vitória iraniana no conflito com Israel, iniciado em 13 de junho. Ele minimizou os danos causados pelos ataques aéreos dos EUA e de Israel a três sítios nucleares iranianos — Fordow, Natanz e Isfahan —, afirmando que os bombardeios “não alcançaram seus objetivos”. O líder iraniano também ameaçou novos ataques a bases americanas na região caso houvesse novas agressões. Em resposta, Trump usou sua plataforma Truth Social para criticar Khamenei, chamando suas declarações de “falsas e tolas” e afirmando que as instalações nucleares do Irã foram “obliteradas”. Ele também destacou que os EUA mantêm “controle total dos céus iranianos” e que poderia autorizar novos bombardeios se o Irã retomasse o enriquecimento de urânio a níveis preocupantes.
Fontes próximas à Casa Branca revelaram que Trump considerava oferecer incentivos, como alívio limitado de sanções, para iniciar negociações com o Irã sobre seu programa nuclear. A proposta incluía permitir que a China comprasse petróleo iraniano, ajudando na reconstrução do país após o conflito. No entanto, as declarações de Khamenei, que rejeitaram qualquer rendição e exaltaram a resistência iraniana, levaram Trump a abandonar essas iniciativas. Em uma coletiva de imprensa, ele afirmou que o Irã está “exausto” e focado em “sobreviver ao caos”, descartando preocupações sobre possíveis sítios nucleares secretos. “Eles não estão pensando em armas nucleares agora, estão pensando em como viver amanhã”, declarou.
A decisão de manter as sanções reflete a estratégia de “pressão máxima” adotada por Trump desde seu primeiro mandato, quando retirou os EUA do acordo nuclear de 2015 (JCPOA) e reimpôs duras restrições econômicas ao Irã. Essas medidas, segundo o Congresso americano, estão entre as mais abrangentes aplicadas a qualquer país, bloqueando ativos do governo iraniano nos EUA e restringindo quase todo o comércio bilateral. A economia iraniana, já abalada por décadas de sanções e má administração, enfrenta agora os impactos da guerra recente, com infraestrutura militar e econômica severamente danificada.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, respondeu às críticas de Trump, pedindo que o presidente americano abandonasse o tom “desrespeitoso” em relação a Khamenei, que, segundo ele, tem “milhões de seguidores devotos”. Araghchi afirmou que um diálogo construtivo exige respeito mútuo, mas reafirmou a posição iraniana de não negociar sob pressão. O Irã também aprovou uma lei suspendendo a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), dificultando inspeções em seus sítios nucleares, o que foi condenado por países como França e Alemanha.
A tensão entre os dois líderes ocorre em um momento delicado para o Irã, que enfrenta protestos internos e pressões econômicas crescentes. Apesar das ameaças de Khamenei, analistas apontam que a capacidade militar iraniana foi significativamente reduzida pelos ataques recentes, limitando sua habilidade de resposta. Trump, por sua vez, mantém a retórica combativa, mas sinalizou interesse em negociações, desde que o Irã abandone completamente o enriquecimento de urânio. A possibilidade de um novo acordo nuclear permanece incerta, com a postura de confronto mútuo dificultando avanços diplomáticos.