Os Estados Unidos intensificaram a pressão sobre os países da América Latina e do Caribe, instando-os a esclarecer suas posições em relação ao Irã, às vésperas da 55ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), realizada entre 25 e 27 de junho de 2025, em St. John’s, Antígua e Barbuda. A declaração, feita por uma representante do Departamento de Estado americano, ocorre em um momento de tensão global, após ataques militares dos EUA e de Israel a instalações nucleares iranianas, em resposta ao programa nuclear de Teerã. A mensagem reflete a busca de Washington por alinhamento regional em um contexto de crescente polarização geopolítica.
A OEA, principal fórum de diálogo político das Américas, reúne 34 países-membros para discutir questões como democracia, direitos humanos, segurança e desenvolvimento. Este ano, a Assembleia Geral teve como tema “Construindo Economias Inclusivas e Resilientes nas Américas”, mas o conflito envolvendo o Irã emergiu como um ponto de destaque. Países como Venezuela, Cuba e Nicarágua, frequentemente em desacordo com os EUA, expressaram apoio ao Irã, enquanto nações da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA), como Bolívia e Antígua e Barbuda, condenaram os ataques. O Brasil, que preside a OEA em 2025, adotou uma postura de crítica aos bombardeios, alinhando-se a nações como México, que, por meio da presidente Claudia Sheinbaum, descreveu a guerra como “o maior fracasso da humanidade”. Já a Argentina manifestou apoio aos EUA, evidenciando divisões regionais.
O chamado americano por um posicionamento claro ocorre em um momento delicado para a OEA, que enfrenta desafios como a crise humanitária no Haiti, tema central da assembleia, e debates sobre saúde mental, financiamento orçamentário e a disputa pelas Ilhas Malvinas. Os EUA, sob a liderança do presidente Donald Trump, também reforçaram sua intenção de conter a influência da China na região, destacando a necessidade de proteger os objetivos da OEA de promoção da democracia e do progresso econômico. A representante americana enfatizou a importância de compromissos concretos para enfrentar a violência de gangues no Haiti, reforçando o papel da organização em questões de segurança regional.
A pressão dos EUA reflete uma estratégia de consolidar apoio no hemisfério ocidental, especialmente após ações militares controversas contra o Irã. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), discutidos na assembleia, apontam para a urgência de questões regionais, como a crise de saúde mental, que pode custar às economias das Américas até US$ 16 trilhões em perdas de produtividade até 2030. Nesse cenário, a exigência de posicionamento sobre o Irã pode ser vista como uma tentativa de alinhar as nações latino-americanas em uma agenda de segurança global liderada por Washington, enquanto o Brasil e outros países buscam manter autonomia em suas políticas externas.
A Assembleia Geral da OEA, como principal órgão decisório da organização, é um espaço onde tensões geopolíticas frequentemente se manifestam. A Carta da OEA, assinada em 1948, estabelece a promoção da paz, justiça e solidariedade como objetivos centrais, mas as divisões entre os países-membros, especialmente em questões envolvendo potências externas como Irã e China, desafiam a coesão regional. A postura dos EUA, embora firme, enfrenta resistência de nações que priorizam a não intervenção e a resolução pacífica de conflitos, princípios históricos da diplomacia latino-americana.