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Indiciamento de Carlos Bolsonaro Após Anúncio de Candidatura ao Senado Levanta Debate Sobre Perseguição Política

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) em 17 de junho de 2025, apenas dois dias após anunciar sua intenção de concorrer a uma vaga no Senado por Santa Catarina nas eleições de 2026. O indiciamento, que também inclui Jair Bolsonaro e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), faz parte de uma investigação sobre a chamada “Abin paralela”, uma suposta estrutura ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usada para monitorar adversários políticos durante o governo Bolsonaro (2019-2022). A coincidência temporal entre o anúncio da candidatura e a ação da PF gerou especulações sobre motivações políticas, enquanto aliados do vereador alegam perseguição, e críticos apontam a gravidade das acusações.

A investigação, conduzida sob sigilo e relatada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acusa Carlos Bolsonaro de participar de um esquema que utilizava o software israelense First Mile para rastrear celulares de figuras como ministros do STF (Alexandre de Moraes e Dias Toffoli), ex-presidentes da Câmara (Rodrigo Maia e Arthur Lira), senadores (Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues) e jornalistas, como Mônica Bergamo e Vera Magalhães. Segundo a PF, o sistema foi acessado mais de 60 mil vezes entre 2019 e 2022, com o objetivo de coletar informações para fins políticos e pessoais, incluindo beneficiar os irmãos Flávio e Jair Renan Bolsonaro. O relatório final, encaminhado ao STF, aguarda análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta denúncia formal.

Carlos Bolsonaro, conhecido por sua atuação no chamado “gabinete do ódio” – grupo acusado de coordenar ataques virtuais contra opositores – negou as acusações em redes sociais, chamando o indiciamento de “perseguição política” e questionando a ausência de provas concretas. “Não há fatos, apenas narrativas”, declarou, sugerindo que a ação da PF visa enfraquecer sua pré-candidatura ao Senado. O anúncio de sua intenção de concorrer por Santa Catarina, feito em 15 de junho, gerou controvérsia no PL local, já que deputadas como Júlia Zanatta e Caroline De Toni também são cotadas para a vaga. A escolha do estado, onde Jair Bolsonaro tem forte apoio, reflete uma estratégia para consolidar a influência do clã em um cenário de polarização política.

A defesa de Carlos, liderada pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, argumenta que o indiciamento carece de embasamento jurídico e que a proximidade com o anúncio da candidatura reforça a tese de retaliação. “É uma tentativa clara de intimidar lideranças de direita antes de 2026”, afirmou Kakay, segundo o Conexão Política. O ex-presidente Jair Bolsonaro, também indiciado no caso, criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, acusando-o de conduzir uma investigação parcial. A PF, por sua vez, sustenta que as provas, obtidas por meio de quebras de sigilo telemático, telefônico e bancário, demonstram a existência de uma estrutura criminosa liderada por Ramagem, ex-diretor da Abin, com envolvimento direto de Carlos.

O caso da “Abin paralela” soma-se a outros indiciamentos envolvendo a família Bolsonaro. Jair Bolsonaro já foi indiciado em 2024 por tentativa de golpe de Estado, fraude em cartões de vacinação e desvio de joias sauditas, enquanto Jair Renan enfrenta acusações de lavagem de dinheiro. O contexto de sucessivas investigações alimenta o discurso de aliados, que veem uma ofensiva coordenada contra o grupo. Segundo pesquisa Datafolha de 18 de junho de 2025, Jair Bolsonaro mantém 35% de apoio popular, empatado com o presidente Lula, o que intensifica o clima de polarização às vésperas das eleições.

A coincidência entre o indiciamento e o anúncio da candidatura de Carlos levanta questionamentos sobre o uso do sistema judiciário em disputas políticas, mas também reforça a necessidade de transparência nas investigações. Enquanto a PGR avalia os próximos passos, a movimentação de Carlos para o Senado sinaliza a resiliência da base bolsonarista, que busca manter sua relevância em um cenário de crescente escrutínio legal.

Fontes Consultadas:

Gustavo De Oliveira

Escritor

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