Em 10 de junho de 2025, a cidade de Graz, no sudeste da Áustria, foi abalada por uma tragédia que marcou a história do país. Um ataque a tiros na escola secundária BORG Dreierschützengasse, localizada no bairro de Lend, resultou na morte de 10 pessoas, incluindo nove adolescentes e uma professora, além do próprio atirador, um jovem de 21 anos, identificado como Arthur A., ex-aluno da instituição. O incidente, que também deixou 11 feridos, foi descrito como o pior tiroteio escolar da história recente da Áustria, gerando luto nacional e intensificando debates sobre a segurança nas escolas e o controle de armas. A rápida resposta policial, que controlou a situação em 17 minutos, foi amplamente elogiada, mas a ausência de um motivo claro para o ataque mantém a comunidade em busca de respostas.
Por volta das 9h57 (horário local), o agressor entrou na escola carregando uma mochila com uma pistola Glock e uma espingarda de cano serrado, ambas legalmente adquiridas com uma licença de posse de armas obtida em abril de 2025. Após se equipar com óculos de tiro e um cinto de armas em um banheiro do terceiro andar, ele abriu fogo indiscriminadamente, atingindo alunos e professores em salas de aula e corredores. Entre as vítimas estavam nove estudantes, com idades entre 14 e 17 anos, incluindo uma cidadã polonesa e outra com dupla cidadania franco-austríaca, além de uma professora de 59 anos que faleceu horas depois no hospital. O atirador, que não concluiu seus estudos na escola após repetir o sexto ano e abandonar os estudos em 2022, cometeu suicídio em um banheiro após sete minutos de violência, deixando cerca de 40 disparos registrados.
A polícia encontrou na residência do suspeito, em Kalsdorf, perto de Graz, uma carta de despedida, um vídeo de adeus e uma bomba caseira não funcional, além de planos detalhados para o ataque. Apesar dessas descobertas, as autoridades afirmam que o motivo do crime permanece incerto, descartando, por enquanto, conexões com extremismo ou alvos específicos. O jovem, descrito como um solitário sem histórico criminal, havia sido rejeitado pelo exército austríaco por problemas psicológicos, o que levanta questionamentos sobre como ele conseguiu a licença para possuir armas. A Áustria, com uma taxa de homicídios por armas de fogo de apenas 0,1 por 100 mil habitantes em 2021, segundo o Institute for Health Metrics and Evaluation, tem uma das populações civis mais armadas da Europa, com cerca de 30 armas por 100 pessoas, conforme o Small Arms Survey.
O chanceler austríaco, Christian Stocker, declarou três dias de luto nacional, chamando o incidente de “tragédia nacional” que violou o senso de segurança das escolas, vistas como espaços de confiança e aprendizado. Em Graz, milhares se reuniram para uma vigília à luz de velas, e um minuto de silêncio foi observado em todo o país na quarta-feira, 11 de junho, às 10h. A prefeita de Graz, Elke Kahr, descreveu o evento como uma “terrível tragédia”, enquanto o ministro da Educação, Christoph Wiederkehr, anunciou que a escola permanecerá fechada por tempo indeterminado. A comunidade local, ainda em choque, mobilizou-se para apoiar as vítimas, com doações de sangue organizadas pela Cruz Vermelha e o clube de futebol Sturm Graz.
O ataque expôs a vulnerabilidade de uma nação que se considerava um “espaço seguro”, como destacou a jornalista Fanny Gasser, do Kronen Zeitung. Embora tiroteios escolares sejam raros na Áustria, o incidente reacendeu discussões sobre a necessidade de medidas preventivas mais robustas, incluindo avaliações psicológicas mais rigorosas para a aquisição de armas e maior preparação das escolas para emergências. A dor das famílias, expressa em depoimentos comoventes, como o de uma tia que lamentou a perda da sobrinha Lea Ilir Bajrami, de 15 anos, reforça a urgência de proteger os jovens e preservar os valores de segurança e coesão social que definem a sociedade austríaca.